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Desejo de sair da informalidade fez de Adalberto o primeiro empreendedor individual do País

Adalberto Oliveira dos Santos se orgulha de ser o primeiro empreendedor individual do País. Ele é vendedor de bijuterias e no dia 1º de julho de 2009, quando a Lei do Microempreendedor Individual entrou em vigor, foi ao Sebrae para formalizar seu negócio. Santos já trabalhava na Feira de Importados de Brasília, mas não via a hora de sair da informalidade. Como vendia sem nota fiscal, tinha receio de que seus produtos fossem apreendidos.

Foto: Davi Zocolli/ASN |
Sua primeira ideia foi formalizar o negócio criando uma microempresa, mas os planos não deram certo. Faltava dinheiro para pagar as taxas e os impostos necessários. Ao procurar o Sebrae, ele ficou sabendo do projeto de lei que estava em tramitação no Congresso para criar a figura do microempreendedor individual no País. Santos conta que ficou entusiasmado com a proposta e mesmo de longe torcia para que ela fosse aprovada.

No dia 1º de julho, quando a lei entrou em vigor, ele tentou formalizar seu negócio pela web através do Portal do Empreendedor, mas não conseguiu. Para não perder tempo, ele resolveu ir pessoalmente ao Sebrae para se inscrever no programa. “Eu não tinha noção de que seria o primeiro empreendedor individual do País. Cheguei ao Sebrae, fiz meu cadastro e em poucos minutos eu estava formalizado com o meu CNPJ em mãos e sem precisar pagar nada por isso. Foi tudo muito rápido.”

A inscrição na categoria de microempreendedor individual fez com que a banca de bijuterias de Santos passasse a ser uma empresa, a “Oliveira Bijus e Acessórios”. A formalização também fez com que a vida de Santos mudasse. De vendedor ele passou a empresário, voltou a contribuir para a Previdência Social, a ter direito à aposentadoria e ao auxílio doença. Conseguiu ainda comprovar renda e financiar um apartamento e um carro. “Eu não estava contribuindo para o INSS e vivia sempre inseguro. Teria que trabalhar o resto da vida porque não teria direito a uma aposentadoria.”

Com CNPJ, Santos conseguiu ter acesso a crédito e talão de cheques, o que permitiu que ele pudesse fazer compras a prazo. Um benefício que melhorou muito suas condições de trabalho. Ele passou a fazer encomendas por telefone, a comprar pela web e a pagar as mercadorias com cheques para 30 e 60 dias. “Antes eu precisava ir para São Paulo duas vezes ao mês para comprar as bijuterias; hoje faço parte das compras pela internet. Vou no máximo uma vez por mês para lá. Assim eu economizo em passagem.”

A formalização fez com que o empresário conseguisse triplicar seu estoque e ampliar a receita da empresa em 30%. Santos conta que a melhora nos negócios foi decisiva para que ele resolvesse continuar no ramo de bijuterias. “Quando eu era informal, os negócios não iam bem. Se eu não tivesse me formalizado, era possível até que a minha banca de bijuterias já estivesse fechada.”

 

Facilidades para clientes

Um dos fatores que o empresário considera fundamental para o sucesso do negócio após a formalização é que ele passou a aceitar o cartão de crédito como forma de pagamento. Hoje tem até duas máquinas de cartão para atender a todos os pedidos. “É cada vez maior o número de clientes que usam o cartão para pagar suas compras. Quando eu não tinha a máquina acabava perdendo muitas vendas”, explica.

Santos trabalha sozinho. É o responsável pela escolha das peças, pelas vendas e por fazer o balanço financeiro do negócio. Até já pensou em contratar alguém, mas considera que a empresa precisa crescer um pouco mais para que ele dê conta de pagar um funcionário. “Tenho interesse em transformar a banca em uma microempresa, mas por enquanto não dá. Os custos para manter uma microempresa são altos para mim.”

O empresário era vigilante antes de decidir empreender. Ele queria mudar de vida porque achava a antiga profissão muito arriscada, e em 2008 se mudou do Acre para Brasília em busca de melhores condições de vida e de trabalho. Na época, juntou o dinheiro que tinha recebido da rescisão de contrato e de um terreno que tinha vendido para abrir o próprio negócio. “Eu tinha R$ 5 mil no bolso e foi isso que gastei para abrir a banca. A escolha de vender bijus e acessórios foi porque eu conseguia comprar com esse valor um número razoável de peças para começar. Se fosse em outro ramo, eu não teria capital de giro.”

Santos não tinha nenhuma experiência na área e foi aprendendo sozinho como escolher as peças. Depois que abriu a banca, ele passou a se interessar mais em saber o que está na moda e o que vai virar tendência em acessórios. Santos conta que suas escolhas têm dado bons resultados e que os produtos mais vendidos são os brincos e os colares, que costumam variar de R$ 2 até R$ 110. “Eu mesmo escolho as peças que vou vender. Minha ideia é não só trazer bijus e acessórios da moda, mas ter sempre um mix variado de produtos para poder atender todo mundo. Há acessórios e bijus para todos os gostos.”

Este ano, quando o governo federal comemorou a formalização de 1 milhão de empreendedores individuais, Santos foi um dos convidados especiais da cerimônia organizada pelo Ministério do Trabalho. Das mãos da presidenta Dilma Rousseff ele recebeu um certificado. Santos conta que foi uma emoção muito grande participar da cerimônia e saber que assim como ele outros milhares de empreendedores se formalizaram e estão ajudando a construir uma nova história na economia do Brasil.
O empresário se tornou conhecido e uma referência entre os comerciantes da Feira de Importados de Brasília onde trabalha. Ele conta que muitos vendedores vêm pedir conselhos e saber se vale a pena se formalizar. “Eu oriento todos e chego até a levar alguns ao Sebrae para que eles se informem sobre a Lei do Microempreendedor Individual. Muitas das pessoas que eu levo lá já voltam com seus negócios formalizados.”

Santos vê com bons olhos as últimas mudanças feitas na lei. Ele comemorou a redução da alíquota do INSS de 11% para 5%, o que diminuiu o valor recolhido pelos empreendedores para a Previdência Social de R$ 59,95 para R$ 27,25. “A gente sempre desconfia de que no começo tem facilidade, mas, depois, o imposto vai aumentar. Essa redução dá esperança de que isso não deve acontecer e espero que continue assim mesmo.”

O empresário é otimista, acredita que no futuro a economia tende a melhorar. Mas está descrente com as vendas de fim de ano. Ele conta que o movimento está fraco em comparação com o ano passado. “Espero que assim que sair o 13º dos trabalhadores, que eles se animem mais e comecem a fazer compras.”

Adalberto Oliveira dos Santos
Idade: 37 anos
Data da formalização: 1º de julho de 2009
Ramo: Bijuterias
Conta com funcionário? Não
Pretende virar microempresa? Sim

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