Serviços é o setor preferido pelos empresários que abriram negócio em 2007

A taxa de empresas iniciais cresceu de 11,6% em 2006 para 12,72% em 2007, número que equivale a 15 milhões de empreendimentos em fase de implantação ou com até 42 meses de existência no Brasil. Das empresas que nasceram no ano passado, a maioria concentrou suas atividades nos serviços prestados aos consumidores. Logo, o setor mostrou recuperação de 54,1% após uma queda em 2006.

O resultado faz parte da pesquisa GEM 2007 (Global Entrepreneurship Monitor), estudo que mede as taxas de empreendedorismo mundial, divulgado na última quarta-feira (19), em São Paulo, pelo Sebrae.

Entre os serviços prestados nessa categoria, a maioria está relacionada à comercialização de alimentos e roupas no varejo, atividade que registrou alta de 26% entre 2006 e 2007.

Outras atividades também contribuíram para o bom desempenho do setor: bares e lanchonetes tiveram aumento de 56% e tratamentos de estética e beleza de 66%. A preferência por esses segmentos tem como base a possibilidade do uso de ferramentas computacionais, que agilizam os processos, gerando maior produtividade.

Mais resultados

Outro setor que cresceu em 2007 na maioria dos estados brasileiros foi o de transformação, com alta de 29,7%. Entretanto, no Rio de Janeiro, o crescimento foi de apenas 2,1%, devido ao fraco desempenho das indústrias de borracha e plástico, perfumaria e produtos de limpeza e metalurgia básica.

No Rio Grande do Sul, o crescimento do setor também não foi muito alto, com 4,2%, por conta do baixo desempenho da indústria de máquinas e equipamentos, peças e acessórios e produtos de metais vinculados ao setor agrícola, além da indústria química. O comportamento dessas atividades influenciou o grau de atração por novos negócios.

O estudo revelou, ainda, que os empreendedores iniciais dos setores citados empreendem mais por oportunidade do que por necessidade. Veja a relação:

– Nos serviços orientados aos consumidores, 3,7% empreendem por oportunidade e 2,9% por necessidade;

– No setor de transformação, as taxas são de 2,1% e 1,5%, respectivamente;

– Nos serviços orientados às empresas, 1,1% e 0,6%, nessa ordem;

A exceção foi o setor extrativista no qual a principal motivação dos empresários foi a necessidade (0,2%) ante 0,1% que afirmaram ter começado o próprio negócio por oportunidade.

Uma nova tendência foi identificada na GEM 2007. Trata-se do elevado crescimento em 2007 dos empreendimentos criados para o atendimento às empresas, o que pode significar um amadurecimento da atividade empreendedora no País, pois a relação comercial empresa-empresa tende a ser mais qualificada.

Educação e capacitação

Mais da metade dos empreeendedores (58%) afirmaram que não tiveram orientação para a abertura de seus negócios. Todavia, a pesquisa deixou claro que os cerca de 8 milhões de empreendedores por oportunidade demonstram mais interesse em buscar orientação (45,3%) do que aqueles que empreendem por necessidade (37,5% de 6,3 milhões de empresários).

Quanto à orientação que tiveram ou esperam receber, grande parte destaca o processo de fabricação de produto ou serviço (36,4%), sendo que, para os empreendedores novos, esse tipo de apoio é avaliado como "extremamente importante". Já o apoio técnico se mostrou relevante para 22,1% dos empreendedores novos das atividades comerciais.

Já para os empreendimentos nascentes, são preocupações fundamentais para a abertura do negócio os procedimentos necessários para a abertura da empresa (12,7%) e para a análise de custos e a formação de preços (9,9%).

Os empreendedores por oportunidade ainda citaram como preocupações a captação de recursos (6,9%), a assessoria em gestão de recursos humanos (4%), a assessoria contábil (6,9%) e a jurídica (5%). O item processo de fabricação do produto/ serviço (24,8%) também lidera o ranking entre as empresas motivadas por oportunidade, seguido de técnicas e vendas (10,9%).

Geração de empregos

No ano passado, 46,6% dos empreendedores iniciais, ou seja, a maioria, não esperava criar empregos nos próximos cinco anos. No caso daqueles mais otimistas, que somavam 38,2% do total, a expectativa era de gerar entre um e cinco postos. Esses últimos estão associados a empreendimentos novos do setor de serviços orientados aos consumidores e que foram abertos por oportunidade (2%) contra 1,6% por necessidade.

Entre janeiro a maio de 2007, houve um incremento de 1,15% no número de pessoal ocupado frente ao mesmo período de 2006. Os setores que mais contribuíram para esse crescimento foram: alimentos e bebidas (5,5%), produtos de metal (5,1%) e meios de transporte (4,3%). Os números denotam que as atividades relacionadas a serviços são as mais promissores quanto à geração de empregos.

Empresas novas não pensam no mercado externo

As empresas em estágio inicial geralmente não têm como foco de atuação inicial o mercado externo. De acordo com o levantamento, 84,4% dos empreendedores não espera atuar em outros países. Além disso, para 11,6% dos empreendedores, a previsão é ter, no máximo, 24% de consumidores estrangeiros.

Os negócios que visam ao mercado externo são, em sua maioria, nascentes que começaram por oportunidade.

A pesquisa também aponta os motivos do baixo interesse pelo mercado internacional: é marcante a falta de inovação nos novos negócios e em muitas das empresas já estabelecidas. Segundo dados do World Economic Outlook Database 2007, em termos de competitividade da Balança Comercial Brasileira, o volume de produtos e serviços comercializados no exterior, de 14,7%, é relativamente baixo se comparado a um grupo de países selecionados para análise (mínima de 25% e máxima de 71,4%).

Outro motivo é que a maioria dos empreendimentos abertos no País provem do setor de serviços, particularmente aqueles centrados no comércio varejista de roupas e alimentos, cujo foco central é o mercado nacional.

No percentual dos produtos de tecnologia sobre o total dos produtos manufaturados que são exportados, também se percebe a pequena participação brasileira, de 12,8%, superior apenas à Rússia (8,1%) e Peru (2,6%), sendo similar à da Austrália (12,8%). No entanto, apesar da pequena participação percentual das exportações sobre o PIB, o saldo vem aumentando nos últimos anos, tendo alcançado no primeiro semestre deste ano o mais alto valor da série histórica em análise: US$ 20,6 bilhões.

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