Setor calçadista perde 5 mil empregos devido a alta de 26% nas importações asiáticas

Para presidente da Abicalçados, queda reflete alta de 26% nas importações de países asiáticos, que estariam driblando medidas de proteção à indústria nacional

O setor calçadista deixou de empregar 5 mil pessoas, em novembro passado, de acordo com os dados do Cadastro geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados nesta quinta-feira (16) pelo Ministério do Trabalho. Para Milton Cardoso, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), esse resultado reflete o aumento das importações de produtos do setor da Malásia, Indonésia e Vietnã. Segundo a entidade, entraram 26% a mais de calçados e componentes de origem asiática no Brasil, especialmente desses três países, entre janeiro e novembro.

“Embora os dados mostrem redução na importação de pares (de calçados prontos), a compra de cabedais e outras partes de calçados dos países que estão sendo monitorados disparou este ano, o que mostra indícios de triangulação, com a compra de componentes para a montagem dos calçados em solo brasileiro”, explicou. “Desta forma, as importações continuam afetando diretamente nossa indústria”, apontou Cardoso.

A importação de calçados prontos ou desmontados, nos onze meses do ano ­– incluindo componentes como cabedais (parte de cima) e solados – totalizou 44,3 milhões de peças ou 26% a mais em relação a 2009 (35,2 milhões), segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic).

Os dados da Secex e do Caged, segundo Cardoso, demonstram que os produtores de calçados asiáticos estão se utilizando da triangulação como estratégia para acessar o mercado brasileiro e escapar das medidas antidumping. "Em outras palavras, as empresas asiáticas, que exportam grandes volumes para o Brasil, se utilizam da venda de calçados desmontados para driblar a aplicação do direito antidumping, que atualmente é aplicado somente ao calçado pronto”, esclareceu o dirigente.

A entidade já está preparando petição ao governo, solicitando a inclusão dos calçados desmontados no regime de aplicação de direito antidumping.
 

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