Setores dependentes da oferta de crédito vão continuar crescendo

Segundo análise do IDV (Instituto para o Desenvolvimento do Varejo), os resultados que o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou na última terça-feira (15) sobre o comportamento do comércio varejista, referentes ao mês de fevereiro, mostram dois distintos blocos de desempenho.

Em um primeiro, os setores mais dependentes do crédito continuam mostrando crescimento elevado e uma tendência de aceleração de seu desempenho positivo. No outro, segmentos mais dependentes do rendimento real da população do que do crédito, embora ainda preservem uma expansão do volume de vendas bastante expressiva, acusaram sinais de menor ímpeto.

Desempenho positivo de supermercados em queda

Os resultados do comércio, quando se compara fevereiro com o primeiro mês do ano, ilustram a afirmação acima. O movimento em volume do comércio varejista declinou 1,5% em fevereiro, após três meses de contínua alta. Principal determinante desse resultado, o setor de Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo caiu 3,9%, também após três meses de variação positiva.

Cabe notar que o retrocesso nesse segmento mais do que compensou o aumento acumulado no trimestre anterior (+3,3%). Também foi significativa a queda do item Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria, com variação de -2,8%, na mesma base comparativa.

Vendas de roupas também caíram

Em outro segmento, Tecidos, vestuário e calçados, a redução das vendas reais foi ainda mais intensa, de 4%, mas deve ser levado em conta que o setor promoveu, no início do ano, ações de vendas que resultaram em desempenho muito positivo em janeiro. "Em parte, o declínio em fevereiro pode ser atribuído ao fim das promoções", avalia o diretor-executivo do IDV, Emerson Kapaz.

Por outro lado, Móveis e eletrodomésticos, equipamentos e material para escritório, informática e comunicação e Veículos e motos e Material de construção foram segmentos que registraram evolução na série com ajuste sazonal, ampliando o ritmo de sua expansão na comparação mensal. Na série com ajuste sazonal, o crescimento em fevereiro foi de 1,8%, 12,4%, 5,2% e 3,6%, respectivamente.

Como citado no início desta reportagem, os setores que continuaram em franca expansão em termos de vendas reais foram sustentados pelo desempenho elástico da oferta de crédito no País.

"Nos próximos meses, será possível averiguar se o mês de fevereiro foi apenas um ponto fora da curva, ou se, sob a influência de uma maior inflação, que reduziu o poder de compra da população, os segmentos do varejo mais relacionados ao rendimento real da população realmente mudaram a direção de seu desempenho".

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