Startup evitou a emissão de 4,8 mil toneladas de CO2 na atmosfera

Há pouco mais de três anos, o arquiteto urbanista André Andrade, 40 anos, era mais um motorista em meio a milhares que enfrentam diariamente o trânsito caótico das grandes cidades. O ir e vir de casa para o trabalho era um problema com o qual ele convivia a duras penas, como a maioria. Um encontro casual com uma vizinha, contudo, o moveu para mudar aquela realidade. “Ela fazia o mesmo trajeto que o meu todos os dias, em horários compatíveis, mas cada um de nós usava seu próprio carro nesse percurso e, o pior, sozinhos”, lembra.

Ele constatou que, assim como ele e sua vizinha, milhares de pessoas poderiam compartilhar seus carros, reduzindo significativamente o número de veículos nos centros urbanos. O incômodo se transformou em atitude empreendedora, dando origem à Zumpy, que hoje é a maior plataforma de caronas solidárias do Brasil. A empresa já tem 120 mil usuários cadastrados em 1,8 mil municípios brasileiros. Exibe a marca de mais de 470 mil caronas, desde 2015, um movimento que evitou a emissão de 4,8 mil toneladas de CO2 da atmosfera.

A maioria dos usuários do aplicativo está concentrada em Belo Horizonte e São Paulo. Na sequência, vem Brasília, onde a Zumpy fechou contratos de atendimento junto a órgãos federais como, Procuradoria Geral da República, Tribunal de Contas da União, Ministério do Meio Ambiente e Ibama, para citar os principais. “Estamos contribuindo para reduzir congestionamentos e melhorar a qualidade do ar, mas também para aproximar as pessoas”, orgulha-se Andrade, CEO da empresa.

Com esses bons resultados, o empresário se prepara para ganhar o mundo. “Existe a possibilidade de internacionalizar nossa plataforma ainda este ano”, informa o empresário, que vai apresentar a Zumpy para potenciais investidores em Viena, já em meados de março.

A Zumpy foi a vencedora na categoria Meio Ambiente e Energia Verde do prêmio WSA (World Summit Award), um dos mais importantes em nível internacional para projetos digitais de impacto positivo na sociedade, dentro da Agenda de Sustentabilidade das Nações Unidas. “Vamos iniciar as prospecções na Europa e, em breve, nos EUA”, adianta Andrade, que é mineiro de Viçosa, na Zona da Mata Mineira, radicado em Belo Horizonte.

Em apenas três anos de mercado, a Zumpy alcançou a posição de liderança em transporte compartilhado no Brasil. É um exemplo clássico de startup inovadora, que cresceu de forma rápida, no embalo das tecnologias digitais. A empresa contou com 11 colaboradores para desenvolver a plataforma. Hoje, o Zumpy opera com uma equipe de cinco profissionais totalmente dedicados ao projeto, além de outras duas pessoas que trabalham remotamente.

O crescimento rápido tem por trás um amplo trabalho de planejamento e gestão. “Em 2015, participamos de um curso de inovação e empreendedorismo promovido pela Universidade de Stanford, com o apoio do Sebrae Minas, da Fumsoft e do BDMG. Nosso projeto foi um dos selecionados e recebemos 90 mil reais para acelerar a plataforma”, conta Andrade.  O projeto inovador estava apenas começando.

Custos compartilhados

Lançado em agosto de 2015, o Zumpy já está em sua terceira versão. A mudança mais significativa ocorreu em meados do ano seguinte, quando a empresa reformulou seu modelo de negócio. “Melhoramos muito a interface do aplicativo original com o aporte oferecido pelo Sebrae Minas”, diz Andrade. A startup participou do programa de consultoria tecnológica da instituição, o Sebraetec, para aprimorar a solução e construir a estratégia de marca do negócio. “Adicionamos muitas ferramentas ao aplicativo, possibilitando ao usuário organizar caronas entre grupos moderados e grupos empresariais ou ainda com amigos do Facebook”, comenta.

No final do ano passado, a empresa deu um novo salto tecnológico. “Lançamos uma terceira versão do aplicativo, que permite o compartilhamento de despesas do transporte”, diz Andrade.  Os usuários podem dividir os custos da carona. O pagamento é feito por meio de cartão de crédito, no próprio aplicativo.

A divisão de custos de transporte é prevista em lei e não modifica o caráter da carona solidária. “Você vai compartilhar seu carro com outras pessoas que seguem o mesmo trajeto. Em troca, elas podem contribuir dividindo os custos”, destaca o empresário. Segundo ele, os créditos pagos não podem ser direcionados para contas correntes, apenas convertidos para a manutenção do veículo. A contribuição varia de R$ 4,00 a R$ 10,00 dentro das cidades, dependendo dos quilômetros rodados.

Atualmente, os créditos obtidos com as caronas podem ser utilizados na compra de combustível e até pagar o IPVA.  Em breve, segundo Andrade, poderão ser utilizados para serviços como troca de pneus, alinhamento, troca de óleo, lavagem ecológica e até na contratação de seguro.

O aplicativo conta com mecanismos de segurança, como a avaliação do passageiro e do motorista. A ferramenta é composta pelo cadastro de rotas, verificação de números de celular e cartão de crédito, além de filtros do perfil das pessoas com quem o usuário quer se deslocar. A interface também permite que as motoristas escolham passageiras mulheres para dar carona, como também permite formar grupos para ir a shows e espetáculos.

 

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