Sudeste começa a perder espaço para outras regiões no setor industrial

As grandes empresas com mil pessoas ocupadas ou mais estão concentradas, em especial, na Região Sudeste, mostra a Pesquisa Industrial Anual – Empresa (PIA-Empresa), divulgada hoje (25) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A gerente do Grupo de Análise do IBGE, Isabela Nunes, observou, em entrevista à Agência Brasil, que também no Sul verifica-se grande número de indústrias de maior porte. Salientou, entretanto, que a maior concentração é mesmo no Sudeste (1.498 empresas), porque o Sul (778) apresenta também um grande contingente de pequenas e médias empresas do setor industrial.

“Agora, recentemente, a gente vê um aumento, principalmente para o Norte, no Amazonas, por causa da Zona Franca. A gente vê uma participação dessas grandes empresas crescendo no Norte e no Centro-Oeste também”. A economista observou que no Centro-Oeste também existem muitas empresas do setor de alimentos, que são de pequeno, médio e grande portes.

“No caso do Norte, especialmente Amazonas e Zona Franca, você tem um segmento de material eletrônico e de comunicação muito forte, que são setores tecnologicamente mais avançados”, destacou. Ela acrescentou que o aumento da fronteira agrícola, direcionado para as Regiões Norte e Centro-Oeste, já vem sendo observado também pelo setor industrial há algum  tempo.

Esse movimento foi confirmado nos dados referentes a 2006, explicou a economista. “Se a gente considerar as grandes empresas, o diferencial é um pouco maior nessas regiões. Você tem maior produtividade das empresas, tem o maior salário medido em salário mínimo dessas empresas para essas regiões e uma certa perda do Sudeste, o que é uma tendência. Embora a concentração seja muito localizada no Sudeste, ao longo de dez anos, ela perdeu espaço. Perdeu a favor de outros estados que estão crescendo”.

Nos últimos dez anos, as Regiões Sudeste e Sul perderam participação no valor da transformação industrial. Essa variável caiu de 71,6%, em 1996, para 64,4%, em 2006, no Sudeste; e de 15,5% para 14,7% no Sul. Enquanto isso, as demais regiões apresentam ganhos de participação. O Centro-Oeste subiu de 1,2% para 3,3%; o Nordeste, de 7,1% para 11,3%; e o Norte, de 4,5% para 6,3%, revela a pesquisa do IBGE.

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A expansão da fronteira agrícola e maiores incentivos fiscais são alguns dos fatores que explicam a atração exercida por outros estados fora do Sudeste para as grandes indústrias brasileiras, disse a pesquisadora do IBGE.

Isabela Nunes informou que os setores de alimentos e bebidas, refino e máquinas e equipamentos foram os que mais cresceram nos últimos dez anos, aumentando o pessoal ocupado e também a participação do valor da transformação industrial. “A grande empresa está localizada principalmente nos setores de refino, extrativa, veículos automotores”.

No entanto, o  maior ganho nesse período pode ser identificado no setor de alimentos e bebidas. “Nesse crescimento do emprego e do valor da transformação, a gente pode dizer que o setor de alimentos e bebidas cresceu fortemente”, ela destacou.

O pessoal ocupado nas empresas com mil ou mais pessoas ocupadas passou de 42,2% em 1996 para 54,7% em 2006. Já o valor da transformação industrial para essa mesma faixa de empresas evoluiu de 57,5% para 64,5% nesses dez anos.

A economista do IBGE enfatizou que, em relação ao setor de refino e extrativo mineral, os anos de 2000 a 2006 foram considerados o “período áureo” das descobertas de petróleo. “Você tem um aumento da oferta e, logo em seguida, uma valorização muito grande. Foram setores que se beneficiaram nesse período.”

Já o setor de alimentos e bebidas não concentra apenas grandes indústrias. “Por pegar empresas de todos os portes, a produtividade do setor não é destacada”, observou Isabela  Nunes. Esse é, contudo, o segmento que mais emprega e paga os maiores salários totais. “Ele tem um peso grande na economia. E as grandes [indústrias], particularmente, têm se mostrado muito ativas nesse segmento”.

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