Valor de mercado derrete e dá sinais de disparidade com os múltiplos das empresas

O impacto da crise sobre a bolsa é avassalador. Desde o início do período de turbulência nos mercados, no final de maio, as ações acumulam fortes perdas e as companhias vêem seu valor de mercado desabar. Os dados impressionam.

De acordo com informações da Gradual Corretora e da Economática, a bolsa brasileira perdeu mais de R$ 1 trilhão em valor de mercado em menos de cinco meses, do final de maio à metade de outubro. Alguns ativos desabaram, outros mostraram baixas menos expressivas, mas a tendência de desvalorização é generalizada.

No acumulado do ano, apenas onze dos sessenta e seis integrantes do Índice Bovespa ainda registram variação positiva em 2008. Alguns casos se destacam, como o da Vale, que perdeu em torno de 50% do valor – considerando suas ações preferenciais classe A. Exemplos como Rossi, GOL e BM&F Bovespa são ainda mais expressivos.

De olho nesta alteração de cenário, a equipe de análise da Gradual destacou que esta queda brutal "não significa apenas um enorme prejuízo para investidores como também coloca em situação desfavorável as metas atuariais de fundos de pensão, de previdência complementar e até reservas de seguradoras".

Exemplo de disparidade
Para comentar o que considera uma reação irracional e de efeito manada do mercado, a corretora trouxe à tona alguns casos. Chama atenção o das ações da companhia logística Log-In.

Nos atuais patamares, a capitalização de mercado da empresa é de R$ 400 milhões. No último balanço de 2008, referente a junho, possuía R$ 194 milhões em caixa sem endividamento financeiro.

"Alguém que comprasse hoje a empresa estaria pagando apenas R$ 206 milhões pelo negócio dela (logística), que apresentou um lucro líquido de R$ 38 milhões apenas no primeiro semestre", salienta a corretora.

A disparidade também era evidenciada pelo patrimônio líquido da companhia, que somava R$ 742 milhões ao final do segundo trimestre.

Falta o estrangeiro
A deterioração do mercado brasileiro tem boa parte de suas raízes na fuga do capital estrangeiro. As posições mais líquidas do investidor estrangeiro são fechadas para cobrir suas perdas lá fora. Para se ter uma idéia, o total de IPOs (Ofertas Públicas Iniciais de Ações) do ano passado teve participação próxima de 74% dos estrangeiros nas ofertas.

Com a turbulência tomando conta dos mercados externos, o dinheiro dos estrangeiros "não deve voltar tão cedo" para a Gradual. Assim, uma boa saída seria a oferta de PIBB (Papéis Índice Brasil Bovespa) pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

O apelo de segurança da aplicação, que garante o valor inicialmente investido, é visto pela corretora como um sinal de confiança do governo nas perspectivas da economia doméstica.

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