Eduardo Saul Trosman

Com R$ 30 mil reais no bolso em valores de hoje e com muita vontade de crescer, o jovem uruguaio Eduardo Saul Trosman nem imaginava que, anos mais tarde, se tornaria o maior distribuidor de peças de moto da América Latina. Natural da cidade de Nueva Helvecia, a 170km da capital Montevidéu, desembarcou no Brasil ainda jovem e conseguiu comprar sua primeira residência na cidade de Alvorada, na Grande Porto Alegre.

Com o que sobrou de dinheiro e alguns empréstimos, iniciou seu próprio negócio com a abertura de sua primeira loja de moto peças, movido por uma antiga paixão, a de pilotar mobiletes, ciclomotores de 50cc, próximo ao centro da capital gaúcha. “Passamos por muitas dificuldades, pois por eu ser gringo e casado com uma baiana não conhecíamos muito a região e tivemos que penar muito para conseguir crédito na praça para investir no estabelecimento”, conta.

A loja tinha 100m2 e era especializada especificamente em moto peças. Os primeiros anos foram difíceis: “O funcionamento da loja era de segunda a sexta e minha esposa e eu que abríamos e fechávamos o estabelecimento comercial. Levávamos uma hora para chegar e mais uma hora de ônibus para retornar para casa”. O casal carregava marmitas que ele mesmo preparava no final de semana, porque não tinham horário de almoço.

Uma estratégia para crescer era vender de tudo, até mesmo produtos que não tinham em estoque. Como havia oficinas ao lado, saiam “pela porta de trás”, compravam e revendiam para clientela. Saul também conta que sempre manteve a política da boa vizinhança e, por isso, conseguia descontos de 15% a 20% para obter os produtos. A loja ficava localizada na Avenida Farrapos, onde estavam concentradas as principais lojas do segmento da região. O nome da loja era “SID moto peças”.

Aos poucos o empreendimento foi crescendo e ganhando cada vez mais o mercado regional. A loja chegou a ter três mecânicos e seis funcionários para auxiliá-los na rotina da empresa. “Não éramos grandes, mas referência na região. Nos tornamos um importante ‘atacarejo’ do Sul”, relata Saul. Com o andar da experiência, aprendeu como fechar importantes parcerias com fornecedores e priorizar qualidade no atendimento e a trabalhar com os melhores produtos do mercado. “E esse é o nosso cotidiano, até hoje”. Segundo Eduardo, qualidade é tudo, do pedido à entrega. Logo vieram as filhas, Erica e pela loja. Essa paixão pelo mundo das duas rodas acabou passando para as filhas, que atualmente também trabalham seguindo os passos dos pais.

Iael é comercial como o pai e Erica cuida das finanças como a mãe. Não tardou para que os 100m² transformassem- se em 200m² e os clientes crescessem. A experiência no segmento de motos começou aí. Eles trabalhavam com tudo o que era novidade ou possível comercialização, procurando ter mais experiência e conhecimento do mercado. A venda era de motos usadas e pouco tempo depois se iniciou a venda de motos novas. Abriram também uma boutique de acessórios para os motociclistas.

O crescimento levou 12 anos e, com isso, sentiram a necessidade de expandir, crescer em infraestrutura. Para isso, mudaram-se para o Paraná, município de Colombo, e adotaram um novo nome “Laquila” (águia em Italiano). Isso aconteceu em 1998. O novo espaço era um “barracão” com 4.500m e passaram a ter 12 funcionários. A proximidade com os parceiros fez com que a Laquila fechasse algo importante com a empresa francesa Peugeot, a distribuição das scotters da marca no Brasil. Foi a primeira empresa a trazer o modelo para o país.

Sempre com muito cuidado com o mercado e disposto a ouvir os seus parceiros e clientes, Eduardo decidiu visitar a China pela primeira vez e adotou isso como rotina, já que o país é considerado o coração do mercado de duas rodas. No início, ele ia três vezes ao ano, pois lá estavam seus fornecedores de peças. Nesse momento, Eduardo teve a ideia de criar marcas próprias das peças comercializadas no Brasil.

Hoje, visitando o país há 25 anos, ele conhece as fábricas, priorizando sempre a qualidade dos produtos: 98% das marcas da Laquila são próprias e os proprietários da empresa são os únicos do mercado que dão garantia  independentemente do prazo.

É por isso que Eduardo sabe da procedência e da qualidade dos produtos que distribui. Pouco tempo depois, veio a decisão de priorizar a distribuição de moto peças e liquidar a montagem das Scotters no Brasil. “O próximo passo era ir a Manaus ou focar no abastecimento do mercado de moto peças e ficamos com a segunda opção”, diz o executivo.

A experiência fez com que Eduardo incorporasse no cotidiano da Laquila a oferta de palestras gratuitas aos seus clientes sobre mercado, tendências e peças. Foi assim que a Laquila cresceu, divulgou suas marcas pelo Brasil e rapidamente tornou-se a solução do mercado para muitos lojistas. Em 2010, passou a contar com sede própria de 18 mil metros quadrados no município de Campina Grande do Sul, a 13km de Curitiba.

Neste mesmo ano, a Laquila inaugurou um Centro de Distribuição no Ceará, que garante agilidade nas entregas feitas no Norte e Nordeste, realizadas em apenas dois dias (antes demoravam até quatro semanas). “Fomos ao Nordeste para estarmos mais próximos e prestar um serviço mais ágil aos nossos clientes. Na Laquila PR, os pedidos feitos até às 14 horas saem ainda no mesmo dia

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