Noeli Bazanella

por Mariana Rosa (mariana@empreendedor.com.br)

Terceirizar a produção das panificado­ras é uma saída que pode ser adotada por supermercadistas para que tenham garan­tia do padrão de qualidade dos produtos oferecidos. Apostando neste nicho, o casal gaúcho Noeli e Carlos Bazanella expandiu a Doce D’ocê, indústria de ultracongelados do Paraná que até 2013 manteve crescimen­to anual superior a 50%, sendo reconheci­da por premiações da área e entidades de incentivo ao empreendedorismo como a Endeavor. A marca conta com mais de mil clientes nos estados do Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina, onde começou a atuar recentemente e participa este mês da Feira de produtos, serviços e equipamentos para supermercados (Expo­super), na cidade de Joinville.

A empresa foi fundada em 1993, quan­do Noeli começou uma produção caseira de pizzas para incrementar a renda da fa­mília, comprometida após uma série de tentativas frustradas do casal de abrir um negócio próprio. “Sempre tivemos uma veia empreendedora, mas não o suporte e conhecimento básico para desenvolver algo de forma sólida”, conta Noeli. Com ajuda do Sebrae, a primeira loja foi aberta no mesmo ano em um espaço de 30 me­tros quadrados, ainda sem nome definido, no centro de Chopinzinho (PR), onde o casal gaúcho mora há 28 anos. Em 1997, inauguraram a panificadora Doce D’ocê na avenida central da cidade, com produção de 300 pães franceses por dia.

Em 1998, foram viabilizados os pri­meiros investimentos para a produção em grande escala, a partir da sociedade com o casal Carina e Silvio Balen. A solução para expandir o negócio sem comprometer a qualidade foi investir em um novo con­ceito de panificação, o ultracongelamento, processo que resfria os alimentos da parte central para fora, conservando a textura e o sabor originais. “Manter a qualidade do pro­ duto caseiro e artesanal é o aspecto mais importante desta solução”, avalia Noeli. A adaptação da receita de bolo inglês, uma das mais antigas da marca, ao ultraconge­lamento foi reconhecida com duas premia­ções: o Prêmio CNI (2009) e o Prêmio Senai de Inovação (2010) – em 2009, a padaria ganhou também o Prêmio Panificadora de Ouro da Baker Top.

Até então trabalhando exclusivamen­te com produtos frescos, em 2003 a Doce D’ocê implantou a tecnologia em parceria com uma empresa italiana, sendo pioneira na adoção do procedimento no estado do Paraná. Visando ao atendimento de gran­des centros urbanos, a indústria focou no fornecimento de pães, bolos e tortas para grandes redes de supermercados, nos quais a terceirização das panificadoras di­minui os custos com espaço, equipamentos e equipe. Em 2011, para atender à crescen­te demanda, foi construído um centro de distribuição na região norte do Paraná, em Londrina, seguido depois por mais dois, em Dourados (MS) e Curitiba (PR).

Nesse mesmo ano, aconteceram mais dois eventos fundamentais para o cresci­mento da Doce D’ocê. A inauguração de uma nova linha de produção, equipada com auxílio de financiamento do Banco Na­cional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), triplicou a produtividade e gerou um aumento de 90% no faturamento anual. E, também, o convite para participar da seleção Endeavor, feito pelo gerente re­gional da rede no Paraná, Leonardo Frade, que conheceu a marca a partir das premia­ções do bolo inglês ultracongelado. No iní­cio de 2012, Noeli e Carlos Bazanella foram aprovados no processo seletivo, sendo os segundos do estado a se tornarem Empre­endedores Endeavor.

Nos próximos dois anos, a empresa pla­neja crescer de 35% a 40% a mais do que em 2013, quando o crescimento no fatura­mento foi de 52%. Além da expansão para Santa Catarina, onde possuem atualmente oito clientes e dez contratos em negocia­ção, a Doce D’ocê tem como meta para os próximos anos entrar no mercado de pro­dutos para pessoas com restrições alimen­tares. No início deste ano, foi lançada uma torta diet, o primeiro produto deste tipo da marca. O próximo passo é oferecer uma li­nha sem glúten e sem lactose, que aguarda a construção de uma unidade de produção exclusiva, a fim de assegurar que não haja contaminação. “É uma demanda. Cada vez mais, o mercado está pedindo por isso”, diz Noeli, que estima que os novos produtos comecem a circular a partir de 2015.

 

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