05|06|2012
As operações de compra e venda de produtos e serviços estão sendo cada vez mais realizadas através de processos eletrônicos. Os pagamentos com dinheiro vivo já estão dando lugar as transações com cartões de crédito e débito, via internet, mobile banking, entre outros. E mais uma opção de pagamento começa a ganhar força: o mobile payment, na qual o usuário não precisa mais andar com dinheiro ou cartões e o celular passa a assumir a função destes.
O número de usuários de aparelhos celulares cresce a cada ano. Segundo estudo da Anatel, até janeiro de 2012, o Brasil já possuía 245,2 milhões de celulares ativos. Há tempos estes aparelhos ultrapassaram a função de apenas efetuar ligações e enviar mensagens, e as novas funcionalidades facilitam a adaptação dos usuários ao mobile payment. Mas a questão é: será que a opção de realizar pagamentos via celular oferece a segurança necessária e vai pegar por aqui?
O governo federal, através de um projeto de lei que deve ser enviado ao congresso ainda este ano, estuda regulamentar o sistema de pagamentos pelo celular no Brasil. A iniciativa tem como prioridade tornar o mobile payment acessível a celulares comuns usando o número de telefone para realizar pagamentos de baixo valor e confirmando as operações via SMS, já que os smartphones na prática possuem acesso aos serviços bancários pela internet.
O objetivo do governo não é permitir que as operadoras de telefonia realizem operações de crédito e sim oferecer mais opções ao usuário, principalmente em regiões onde o acesso a bancos é mais difícil. A ideia é boa e possibilita a democratização do mobile payment. Mas caso o projeto seja aprovado, essas transações por SMS ainda devem passar por estudos, pois o nível de segurança no envio de dados confidenciais como senhas de banco e dados de contas através de mensagens de texto ainda é bastante arriscado.
Outra opção, que é mais segura, é o pagamento por proximidade. O estabelecimento conta com um dispositivo, uma espécie de leitor, no qual é necessário que o usuário tenha um celular com um chip e antena para armazenar seus dados de conta realizando a comunicação com esse dispositivo. Alguns fabricantes já lançaram aparelhos com essa tecnologia, chamada Near Field Communication (NFC), em tradução livre, algo como perto do campo de comunicação, mas ainda não há previsão de disponibilidade no mercado nacional. Existem também outras tecnologias que podem ser embarcadas nos aparelhos já existentes, que os tornam aptos a realizar esse tipo de transação também.
A diferença entre essas duas formas de pagamento é a comodidade. Com o pagamento remoto, o consumidor não precisa estar exatamente no local onde a transação está sendo realizada. Porém, o nível de segurança é relativamente maior do que o envio de mensagens de texto.
O mobile payment visa mudar o perfil tradicional dos clientes bancários no Brasil, e o cenário atual é de expectativa. Resta saber se o país estará preparado para aderir a esse novo modelo de pagamento, já que se trata de uma estratégia que envolve riscos e barreiras de segurança que devem ser aperfeiçoadas e também barreiras tributárias que não podemos esquecer de mencionar nesse artigo.
É um processo novo, que precisa ser bem estruturado para dar certo, com uma base de operações sólidas, onde bancos, operadoras e empresas de cartão de crédito devem se unir para construir um formato de negociação tão bem projetado como os pagamentos com cartões de crédito e débito. Ainda é um momento de indefinições e devemos aguardar as novidades, mas certamente em breve fará parte do nosso dia a dia.
João Moretti é diretor geral da MobilePeople – empresa especializada em soluções móveis corporativas.