Galinha dos ovos de ouro

Preste atenção na foto acima, uma cena típica de pequenas propriedades agrícolas do interior. As galinhas ciscam soltas no quintal em vez de se espremerem em aviários confinados e estão livres do consumo de antibióticos e promotores artificiais de crescimento. Coisa do passado? Nem tanto. Há 18 anos no mercado – e com um crescimento do faturamento e da produção que ultrapassa a casa dos 20% nos últimos três anos – a empresa paulista Korin Agropecuária quer provar que é possível produzir em escala e de forma totalmente sustentável. E mais: sem prejuízo às necessidades atuais e futuras da população mundial por alimentos.

A marca produz cerca de 8 mil toneladas de carne de frango e 6,5 milhões de ovos por ano. Motivada por um crescimento de 170% do segmento de frangos nos últimos dois anos, a Korin lançou em maio deste ano a carne suína orgânica. O mix ainda é composto por mel, extrato de própolis, água mineral, sopa instantânea, vegetais orgânicos cozidos e congelados, café e um extenso portfólio de frutas, verduras e legumes in natura isentos de agrotóxicos – além de uma linha de insumos para agricultura que leva a marca Bokashi. Toda a produção segue os princípios da agricultura natural do japonês Mokiti Okada, conceito que inspirou a fundação da Korin, em 1994.

Para a Korin, o modelo convencional de produção de alimentos é insustentável porque impacta negativamente no meio ambiente e na sociedade. A marca defende, por exemplo, que o uso de agrotóxicos na agricultura favorece o desenvolvimento de doenças e a poluição do solo e dos mananciais. Consequentemente, resulta em elevadas somas de recursos financeiros – geralmente públicos – para resolver os problemas gerados. “Está claro que os malefícios deste modelo são muito maiores do que os benefícios que ele traz com relação ao aumento da produção”, afirma o médico veterinário Luiz Carlos Demattê Filho, gerente industrial da Korin.

Cada vez mais consumidores têm pesado esses contras na hora de escolher entre um alimento orgânico mais caro e outro convencional mais barato, segundo o executivo. “No início de nossas atividades éramos vistos com desconfiança. Depois, passamos a ser uma empresa de vanguarda e, nos últimos sete anos, ganhamos muita visibilidade e apoio dos nossos clientes. A demanda por alimentos orgânicos vem crescendo e se estabelecendo. Muitos consumidores já entenderam que, ao pagar mais caro na gôndola, estão minimizando o custo ambiental e social de práticas insustentáveis. A conclusão é: o custo do alimento convencional não é mais barato”, avalia Demattê.

Com o mercado mais aberto aos orgânicos, a marca decidiu em 2012 expandir sua presença no varejo por meio de franquias. A meta é alcançar 100 franqueados nas principais regiões do País, em cinco anos. A curto prazo, a Korin planeja abrir 15 franquias até o final do ano. Com essa estratégia, a expectativa é de alta de ao menos 15% nas receitas anuais. A marca mantém desde 1996 uma loja própria, no formato de showroom, no Bairro Vila Mariana, em São Paulo. “A Korin se tornou sinônimo de produto saudável. Nosso objetivo com a franquia é levar estes produtos a locais onde a demanda não é suprida com a oferta atual”, afirma o gerente comercial Edson Shiguemoto .

O sistema de produção da Korin foi destaque no fórum de discussão sobre cidades e segurança alimentar na Rio+20, a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, realizada em junho passado, no Rio de Janeiro. A Korin foi apresentada como exemplo de que é possível produzir em escala e de maneira sustentável, inclusive do ponto de vista econômico. A produção de frango orgânico da marca aumentou cinco vezes desde que o produto foi lançado, há quatro anos. “O problema é que carecemos de apoio para pesquisa na área de produção orgânica. Essas pesquisas são fundamentais para aumentar a produtividade desse modelo”, destaca Demattê.

Na Rio+20, a Korin também foi destaque pelo relacionamento que mantém com sua cadeia produtiva, formada por pequenos produtores rurais. Para Demattê, o modelo convencional promove a exclusão porque empobrece os trabalhadores do campo que acabam migrando para as cidades. “Na Korin, o agricultor é recompensado de forma justa. A empresa produz alimentos promovendo o bem-estar de produtores rurais; dinamiza o campo por meio da compra e aquisição de agroprodutos, como milho, soja, frango, ovos, vegetais orgânicos, entre outros; desenvolve e aplica tecnologias limpas; e, sobretudo, oferece alimentos puros de alta qualidade nutricional, contribuindo assim para a saúde de produtores e consumidores. É um modelo ideal.”

Korin Agropecuária

Fundação: 1994
Crescimento em 2011: 23% (faturamento bruto)
Mix de produtos:
– carne orgânica de frango e suíno
– ovos
– frutas, verduras e legumes in natura
– água mineral
– mel e derivados
– café
– congelados e sopa instantânea
– insumos agrícolas, como fertilizante orgânico
Modo de produção:
– galinhas e suínos criados soltos e com alimentação totalmente vegetal e livre de antibióticos;
– frutas, verduras e legumes produzidos sem uso de adubos químicos e agrotóxicos;
– cadeia produtiva sustentável, seguindo os princípios do comércio justo.

Agricultura Natural

A Korin produz alimentos nos moldes da Agricultura Natural de Mokiti Okada, filósofo e espiritualista japonês que, em 1930, liderou o movimento da agricultura orgânica no Oriente. Seus preceitos fundamentais são: resgatar a pureza do solo e dos alimentos, preservar a diversidade e o equilíbrio biológico e contribuir para a elevação da qualidade da vida humana.

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