O mercado de trabalho no Agro é atraente? Quem dá mais?

Nos últimos dias, eu e meu irmão pensamos no que fazer para mantermos os profissionais de nossa fazenda no campo motivados? Será que temos um mercado de trabalho atraente? Parece-nos que sim.  Porém, está sendo uma tarefa difícil manter os profissionais no campo. Isso para não dizer impossível já que as cidades estão extremamente interessantes. Nelas temos shoppings, asfalto, bares, restaurantes, enfim, tudo que atrai as pessoas –  sejam oriundas das cidades, sejam oriundas do meio rural.

Pois bem, como dizemos no Rio Grande do Sul "não tá morto quem peleia". Assim, iniciamos uma análise de nossa situação. No quesito "mão-de-obra": identificamos desafios e oportunidades que podem ser parecidas a de outros amigos produtores como a tal falta de gente para o campo. Hoje, cerca de 84% da pessoas vivem nas cidades, ou seja, se fizermos a velha regra de três, teremos aproximadamente 25 milhões de pessoas no campo contra 175 milhões nas cidades. Há regiões onde este índice urbano pode chegar a 97%, como algumas regiões do Sul.

Diante dessa situação temos dois cenários: o primeiro que diz que o agro emprega 1/3 das pessoas e, de fato, é verdadeiro. Porém, nossa profissionalização está muito aquém do que deveríamos ter, principalmente quando falamos da agricultura familiar. Vejam como somos paternalistas: será que o agro não seria um só? Parece ser uma autocrítica e, na realidade, é! Precisamos dedicar mais esforços em educação e capacitação de nossos profissionais. Dividir para quê? Não está na hora de exercitarmos o cooperativismo? Todos ganham. Mercado aquecido, porém com pouca profissionalização. E o que isso gera?

O segundo cenário: a tal escassez de pessoas que querem ficar no campo. Esse é nosso maior desafio. E o que devemos fazer para mantê-los motivados no campo? Será que não está na hora de esquecermos que somos familiares (para aqueles que ainda pensam desta forma), e sim "empresas do agro"? Independente do meu tamanho, que produzimos para gerar lucros, que temos controle de nossas atividades e custos, que temos gestão do nosso negócio?

Não está na hora de inserirmos estes profissionais como se fossem participantes do nosso negócio, criar formas de ganhos por produtividade? Se a fazenda atingiu sua meta, eles também deverão ser beneficiados. Seria o exercício do ganha-ganha, oriundo  do marketing.

Amigos, vale à pena exercitar aspectos que estão ligados ao ser humano: nos motivam a mudar nossos hábitos, como "eu" por "nós", "eu trabalho para" por "eu trabalho com". Nosso medo de mudança não pode ser maior que a nossa inovação. Por fim, nossos problemas devem ser transformados em desafios e oportunidades. Este é o conceito que pode, sem dúvida, diminuir os nossos medos e que, em um futuro próximo, possamos ter um apagão no campo por falta de gente, ou seja, gente com sangue na veia, gente com resiliência e comprometimento. Nunca esqueça, o melhor está por vir.

José Annes Marinho é engenheiro agrônomo e gerente de educação da Andef (Associação Nacional de Defesa Vegetal)

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