Estudo mostra as estratégias de comunicação via web utilizada por 13 empresas e entidades no Brasil e no mundo, em todos os elos da cadeia, da produção à industrialização
Ferramentas de reconhecida eficiência para disseminar ideias e fazer negócios, as redes sociais ainda estão longe do radar dos integrantes do agronegócio brasileiro. De grandes empresas globalizadas a pequenos produtores ainda são incipientes as iniciativas para explorar o potencial da chamada web 2.0, aponta O estudo "Agronegócios 2.0, benefícios das redes sociais para o agronegócio", elaborado pela TerraForum Consultores, empresa com foco em gestão do conhecimento e inovação.
"O agronegócio brasileiro é admirado no mundo por sua eficiência, mas está muito atrasado quanto à exploração das possibilidades da internet. Europeus e norte-americanos estão muito à frente", afirma José Cláudio Terra, presidente da consultoria, para quem um dos grandes desafios do setor é utilizar mais a internet e as redes sociais – Facebook, Orkut, Twitter, LinkedIn – como ferramentas de integração e ampliação de negócios e disseminação de ideias. O estudo mostra as estratégias de comunicação via web utilizada por 13 empresas e entidades no Brasil e no mundo, em todos os elos da cadeia, da produção à industrialização.
Nos EUA, já existem muitas iniciativas avançadas em várias frentes. Um exemplo citado pelo estudo é o do site Eat Maine Foods! (Coma comida do Maine!, numa tradução livre), que usa as redes sociais para divulgar e vender os produtos agrícolas do estado norte-americano do Maine. O FarmsReach se tornou o E-bay (site de leilões) do setor agrícola do país. Outro caso analisado é o do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), que utiliza as redes sociais para atrair os produtores para o site do órgão. Ali, eles discutem política agrícola, dão sugestões ao governo, conhecem novas tecnologias, e por aí vai. "No Brasil, esse tipo de experiência ainda é irrelevante", diz Terra.
No lado corporativo, um dos casos levantados é o da Monsanto nos EUA. Empresa de biotecnologia, tema sensível em qualquer lugar do mundo, a companhia, segundo o estudo, é eficiente no monitoramento de sua marca, na resposta a críticas e na agregação de usuários a suas redes, entre outras estratégias. "Do ponto de vista das redes sociais eles são muito bons no que fazem", afirma Terra.
Ao avaliar empresas brasileiras, o estudo constatou uma preocupação mais voltada ao marketing de produtos que à interação com consumidores e fornecedores. Um dos casos avaliados, o da BR Foods, mostrou que após intensa utilização no período da fusão entre Perdigão e Sadia, o Twitter foi praticamente deixado de lado. "O uso de ferramentas web 2.0 é incipiente. A empresa ainda aposta em meios tradicionais de comunicação", identifica o estudo. Ainda não há empresas pensando em integrar as redes sociais dentro de uma estratégia de negócios, afirma José Cláudio Terra. "O uso dessas ferramentas no Brasil tem sido apenas periférico", diz.
No caso dos produtores rurais, ele lembra que a dificuldade de acesso à internet nas áreas rurais brasileiras dificulta o uso das redes, mas vê um avanço no futuro com a multiplicação dos acessos e dos smartphones, aparelhos celulares com acesso à web. "O cooperativismo pode ser extremamente potencializado com a web 2.0", afirma o executivo. "Em algum momento, o agronegócio brasileiro vai perceber que ficar isolado não é uma boa política".
Iniciativas
Há iniciativas interessantes de uso das redes surgindo no Brasil. Na esteira dos sites de compras coletivas foi lançado recentemente o primeiro site de compras rurais no País, o Espiga de Milho. O sítio reúne produtores interessados na aquisição de todo tipo de produto, defensivos, equipamentos etc.
Na área de pesquisa e desenvolvimento, há a Rede de Inovação Tecnológica para Defesa Agropecuária (RIT DA). Com grande variedade de ferramentas de interação, o site funciona como uma sala de discussão dividida entre profissionais do ramo e leigos. A iniciativa já conta com 3.577 usuários de todos os Estados do País.