O aumento dos preços dos alimentos e da taxa de juros, que encarece os financiamentos, já apresenta reflexos no humor dos paulistanos. O Índice de Confiança do Consumidor (ICC), da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio) registrou queda de 1% em maio no contraponto a abril e atingiu 147,6 pontos. Trata-se da primeira variação negativa, após oito meses de altas significativas. Já em comparação com maio do ano passado, o índice registrou alta de 16,2%. Vale lembrar que o ICC varia de 0 a 200, mostrando pessimismo abaixo de 100 pontos e otimismo acima desse patamar.
Houve piora nas avaliações tanto em relação ao presente quanto ao futuro. O Índice das condições Econômicas Atuais (ICEA) registrou resultado negativo de 1,4% em relação a abril e ficou em 155,3 pontos. Trata-se do primeiro recuo do índice neste ano. Tomando por base o mesmo período comparativo, o Índice de Expectativas do Consumidor (IEC) também apresentou queda de 0,7% e alcançou 142,4 pontos.
É importante notar que é a primeira vez que praticamente todos os grupos pesquisados registraram quedas expressivas em todos os cruzamentos, seja por sexo, idade ou renda tanto quanto ao presente quanto ao futuro
Segmentação por faixa de renda, faixa etária e sexo
Novamente, a queda mais expressiva foi verificada no grupo de consumidores com renda superior a 10 salários mínimos. Neste grupo, tanto o ICEA quanto o IEC registraram variação negativa de 2,2% e atingiram, respectivamente, 160,7 pontos e 149,4 pontos. O ICC para esse grupo de consumidores também registrou retração de 2,2%, situando-se em 153,9 pontos. Esta reversão no humor reflete a elevação na taxa básica de juros.
A parcela dos consumidores com renda abaixo de 10 salários mínimos registrou queda de 0,8% no ICEA (para 152,5 pontos) e variação positiva de 0,5% no IEC (para 138,8 pontos). No geral, o ICC recuou 0,1% para 144,3 pontos. No caso desta parcela da população, o otimismo menor foi puxado pela elevação nos preços dos alimentos e nos custos do crediário.
Com relação ao sexo, notamos que as mulheres mostraram grande insatisfação. O otimismo entre o grupo apresentou queda de 2,3% para 141,1 pontos. O ICC para o grupo masculino registrou variação positiva de 0,3% para 154,2 pontos.
Quanto à idade, o grupo de consumidores com mais de 35 anos apresentou maior insatisfação, recuo de 1,7% no índice geral para 143,6 pontos. Para o grupo de menores de 35 anos, a variação no ICC também foi negativa (0,6%) situando-se em 149,9 pontos.
Nota Metodológica
O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) é apurado mensalmente pela Fecomercio desde 1994. Os dados são coletados junto a cerca de 2.100 consumidores no município de São Paulo. O objetivo da pesquisa é identificar o sentimento dos consumidores levando em conta suas condições econômicas atuais e suas expectativas quanto à situação econômica futura.
Os dados são segmentados por nível de renda, sexo e idade. O ICC varia de 0 (pessimismo total) a 200 (otimismo total). Sua composição, além do índice geral, apresenta-se em: Índice das Condições Econômicas Atuais (ICEA) e Índice das Expectativas do Consumidor (IEC). Os dados da pesquisa servem como um balizador para decisões de investimento e formação de estoques por parte dos varejistas, bem como para outros tipos de investimento das empresas.
A metodologia do ICC foi desenvolvida com base no Consumer Confidence Index, índice norte-americano que surgiu em 1950 na Universidade de Michigan. No início da década de 90, a equipe econômica da Fecomercio adaptou a metodologia da pesquisa norte-americana à realidade brasileira. Atualmente, o índice da Federação é usado como referência nas reuniões do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), responsável pela definição da taxa de juros no país, a exemplo do que ocorre com o aproveitamento do CCI pelo Banco Central Americano.