A primeira deflação em dois anos e meio do Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna (IGP-DI) em agosto decorreu da perda de força de todos seus componentes, com destaque para a forte queda dos custos dos alimentos no atacado. A variação negativa deve ser revertida nos próximos meses, provavelmente já em setembro, mas consolida a visão de que a taxa média mensal de inflação no segundo semestre será inferior à da primeira metade do ano, o que levou os economistas a recentemente rever para baixo a previsão para o IGP-DI em 2008.
O indicador caiu 0,38% no mês passado, após subir 1,12% em julho, informou a Fundação Getúlio Vargas (FGV) nesta segunda-feira. Foi a primeira queda desde março de 2006 (-0,45%). Analistas consultados pela Reuters previam um recuo de 0,30% em agosto, segundo a mediana de 17 projeções, que oscilaram de queda de 0,16% a 0,50%. No ano, o IGP-DI tem alta de 7,93% e nos últimos 12 meses, de 12,80%.
Alimentos em baixa
Os alimentos foram o destaque de queda do mês de agosto, refletindo as menores cotações das commodities internacionais e também o ajuste local a fortes aumentos recentemente, como os in natura, produtos bastante voláteis.
Entre os componentes do IGP-DI, o Índice de Preços por Atacado (IPA) declinou 0,80% em agosto, ante alta de 1,28% em julho. O IPA agrícola caiu 5,09% em agosto, após avançar 1,14% no mês anterior. O IPA industrial desacelerou o ritmo da alta, para 0,86%. As cinco maiores quedas individuais de preços no atacado em agosto vieram dos alimentos: soja em grão, tomate, milho em grão, farelo de soja e leite in natura.
O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) subiu 0,14%, abaixo da alta de 0,53% em julho. Os custos do grupo Alimentação declinaram 0,71% em agosto, após subirem 0,83% no mês anterior.
No varejo também as cinco principais influências negativas para o índice vieram dos alimentos: tomate, batata-inglesa, leite longa vida, feijão carioquinha e óleo de soja. O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) teve elevação de 1,18%, ante 1,46% anterior.