A alta dos produtos industriais no atacado deve chegar ao consumidor daqui a mais três ou cinco meses, de acordo com a especialista em inflação do Grupo de Análise e Previsões (Gap) do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Maria Andréia Parente Lameiras. "Ainda que o câmbio tenha ajudado, vai haver repasse", disse a economista.
No entanto, se não houver problemas climáticos ou outros imprevistos, a pressão dos alimentos sobre a inflação deverá se reduzir em torno da mesma época. "Não se pode esperar nenhum grande refresco, mas acho que os alimentos vão impactar de forma menor a inflação, vão continuar subindo de preço, mas em um ritmo menor", disse.
No fim deste ano, também deve haver um aumento da capacidade ociosa das indústrias devido à maturação de investimentos que vem sendo realizados, segundo a economista.
Andréia prevê que, a partir de setembro, o IPCA acumulado em 12 meses deve entrar em declínio e a partir do início de 2009 deve convergir para o centro da meta, de 4,5%. O cenário considera que o Banco Central vai continuar elevando taxa de juros básica em 0,5 ponto percentual a cada uma das próximas reuniões do Copom neste ano ou até em 2009. "Tudo depende de como virão os próximos índices", disse a economista do IPEA.
O atual ciclo de aperto monetário fará mais efeito no final do ano e em 2009, segundo a economista, para quem o ritmo de expansão do consumo das famílias será reduzido para cerca de 5%" ao ano. Ela afirma que o esforço fiscal adicional de 0,5% do PIB para o fundo soberano diminuirá o crescimento da demanda do governo, ajudando a conter a inflação.