É verdade que as principais entidades representativas do comércio varejista estão cautelosas em relação ao desempenho das vendas no Natal deste ano. O motivo é a crise financeira mundial. A Alshop (Associação Brasileira de Lojistas de Shoppings), por exemplo, que esperava um crescimento em 2008 entre 10% e 12% para o setor fará uma revisão das metas até o fim deste mês.
"O sistema de crédito está restrito e as taxas de juros, crescendo. Para o Natal, as empresas já organizaram seus estoques. Os lojistas que trabalham com produtos importados são os que mais sofrerão, já que a taxa de câmbio ainda não está num patamar real", analisa o presidente da Alshop, Nabil Sahyoun.
Mesmo em meio a tantas incertezas, no entanto, a maioria das entidades permanecem otimistas quanto à principal data comemorativa para o comércio. No caso da Alshop, motivos não faltam: estão funcionando 15 novos shopping centers no País e a expectativa é que, até o fim de 2008, mais sete sejam inaugurados.
Sahyoun aposta no recebimento do 13º salário, que irá injetar dinheiro na economia. Além disso, os bancos estatais estão com uma política de empréstimos com taxas mais baixas. "Nós acreditamos que, como o poder aquisitivo da população de baixa renda cresceu bastante, ainda haja fôlego para as compras de fim de ano".
País espera um bom Natal
Para o secretário de Comércio e Serviços do Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), Edson Lupatini, este ano o País não sentirá um recuo. "Eu acredito que, a continuar neste compasso, estamos caminhando para um bom Natal", afirma.
Na avaliação de Emerson Kapaz, consultor técnico do Instituto para o Desenvolvimento do Varejo, que reúne as maiores empresas varejistas do Brasil, o cenário deve melhorar e, aos poucos, o índice de confiança do consumidor deverá retomar os patamares anteriores.
Já a CNDL (Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas) acredita que ocorrerá um desabastecimento por ocasião do Natal, principalmente em relação aos eletroeletrônicos. O problema estaria relacionado ao câmbio, entre outros fatores, segundo informações divulgadas pela Agência Sebrae.
"O importador não fará as encomendas natalinas com o dólar neste patamar. O Banco Central demorou a intervir no mercado e vender dólares", avalia o presidente da CNDL, Roque Pelizzaro, que também acredita que, sem produtos para vender, os lojistas não irão arriscar e contratar funcionários temporários.