As lideranças das quatro maiores associações agropecuárias da Argentina anunciaram ontem, durante uma manifestação que reuniu cerca de 250 mil pessoas contra a presidente Cristina Kirchner na cidade de Rosario, que, se não conseguirem um acordo com o governo hoje, retomarão na terça-feira as marchas de protesto e os piquetes nas estradas. A Sociedade Rural, Federação Agrária, a Confederações Rurais Argentinas (CRA) e a Confederação Intercooperativa Agropecuária (Coninagro) exigem o fim dos aumentos sobre as exportações agrícolas e das restrições sobre as exportações de carne e trigo aplicados pelo governo. No entanto, a presidente resiste à idéia de ceder às pressões dos ruralistas e dar marcha a ré em suas medidas.
Nunca antes, ao longo da meia década em que o casal Cristina e Néstor Kirchner está no poder, um setor econômico havia desafiado o poder presidencial com sucesso. Segundo os analistas, os ruralistas transformaram-se no primeiro setor com capacidade de colocar limites à denominada “política kirchnerista”.
As lideranças ruralistas e representantes do governo se reunirão hoje no fim da tarde para tentar avançar nas negociações. O encontro promete ser tenso, pois os ruralistas exigem celeridade nas discussões, que na quinta-feira passada foram encerradas sem perspectivas de avanço.