Arroz e minério de ferro puxam aceleração do IGP-M em maio

A disparada nos preços das matérias-primas brutas no atacado (2,21%) impulsionou a taxa maior da segunda prévia do IGP-M de maio, que subiu 1,54% – bem acima do apurado em igual prévia do mesmo índice em abril (0,37%). A avaliação é do coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros. Segundo ele, o segmento abrange duas das principais elevações de preços que pressionam, atualmente, a inflação do setor atacadista: a do arroz em casca (33,96%) e a do minério de ferro (11,25%).

O economista informou que, no caso do arroz em casca, o preço do produto registrava queda de 0,44% na segunda prévia do IGP-M de abril. Ele comentou que a movimentação brusca de preço do item é originada de flutuações na cotação do arroz no mercado internacional.

Quadros lembrou que o consumo de arroz segue forte no mundo, com aumento de demanda principalmente no mercado asiático. Assim, sobe o preço do arroz no exterior – o que acaba atraindo o interesse dos produtores no Brasil, que deixam de vender para o mercado interno e acabam exportando o item, em busca de maior rentabilidade. Isso reduz a oferta interna do arroz no País, elevando os preços.

"O preço do arroz no Brasil está sendo contaminado pelo que ocorre no mercado internacional", afirmou. De acordo com ele, esse cenário fez com que o preço do arroz beneficiado saltasse de uma queda de 0,60% para uma alta de 47,50% da segunda prévia de abril para igual prévia em maio.

Já no caso do minério de ferro, o preço do item reflete os recentes reajustes no preço do produto, anunciados pela Vale. "Acho que os reajustes ainda não foram completamente captados", afirmou o economista, acrescentando que o preço do item acumula elevações de 34,91% no ano e de 22,5% em 12 meses.

O economista observou que, no caso do setor agropecuário, o arroz não é o único a apresentar elevação de preços expressiva. Entre os alimentos processados no atacado, foram registrados aumentos de preços significativos. É o caso de aves abatidas frigorificadas (7,42%); e leite industrializado (5,96%).

Commodities

Além disso, o término de quedas, ou deflações mais fracas, em preços de commodities importantes ajudaram a elevar a inflação do setor atacadista, medida pelo IPA-M em sua segunda prévia de maio. De acordo com Quadros, itens de peso no setor agropecuário, e na formação do IPA-M, que estavam registrando deflação na segunda prévia do IGP-M de abril, deixaram de cair de preço.

Um dos exemplos mais citados pelo economista é o caso da soja, que registrava uma queda de 9,80% na segunda prévia de abril – e agora apresenta elevação de 0,43% na segunda prévia do IGP-M de maio. "A soja tem um grande peso na formação do IPA. O fato de não registrar mais queda teve peso no cálculo da taxa", disse.

Além da soja, os preços de milho e café também influenciaram o resultado do IPA. Da segunda prévia de abril para igual prévia em maio, o preço do milho saiu de uma deflação de 4,40% para uma alta de 4,26%. Já o preço do café, que registrava queda de 8,53% na segunda prévia do IGP-M de abril, apresentou deflação de apenas 0,58% na segunda prévia.

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