A pesquisa da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) sobre projeções e expectativas do mercado financeiro, divulgada nesta terça-feira, 17, continuou a consolidar a deterioração das previsões de inflação para este ano e para o próximo. As médias das projeções das 33 instituições financeiras ouvidas para a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2008 subiu de 4,75% para 5,76% e, para 2009, de 4,35% para 4,7%, furando pela primeira vez no ano o centro da meta de 4,5% estabelecia pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
As estimativas para o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) voltaram a disparar nessa pesquisa, feita entre a quinta e sexta-feira da semana passada (dias 12 e 13 de junho). Para este ano, a previsão para o crescimento do índice foi revisada em alta de 6,12% para 9,13%. Para o ano que vem, a estimativa avançou de 4,53% para 5,23%.
O economista chefe da Febraban, Nicola Tingas, citou que nenhum banco prevê que a inflação supere o teto da meta do BC, de 6,5%. Segundo o economista, o fato de a inflação ser causada também por um choque de oferta justifica que se trabalhe com a inflação até o teto da meta. *Você aceita uma inflação mais próxima do teto da meta porque você não tem muito o que fazer*, explicou.
Para ele, a velocidade da aceleração das expectativas foi *muito forte* e *surpreendeu a todos*. Entretanto, ele ressalta que *ninguém está falando de um choque de juros*, chamando atenção para o trabalho gradual da autoridade monetária de elevar a taxa básica de juros, a Selic.
Juros
A pesquisa da Febraban mostrou que os bancos esperam que o ciclo de aperto monetário iniciado pelo BC em abril leve a Selic para o patamar de 14,25% ao ano no fim de 2008, em um aumento total de três pontos porcentuais.
De acordo com Nicola Tingas, os analistas prevêem altas sucessivas de 0,50 ponto porcentual para as próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom). Entretanto, o teto das projeções para o fim do ano já inclui a aposta de que os juros cheguem a 14,50% ao ano.
No ano que vem, os bancos esperam uma reversão dos juros e acreditam que a taxa pode voltar a cair até 12,50% ao ano. *Ainda existe certa incerteza sobre a intensidade (do aperto), embora haja certo consenso de que a política é gradual*, disse.
O levantamento foi feito antes da divulgação da ata do Copom, na quinta-feira passada e revelou que 81% dos bancos participantes não alteraram significativamente suas projeções após a divulgação do documento do BC.