"As micro e pequenas empresas terão crédito garantido. Esta é uma decisão estratégica do banco". A afirmação é do superintendente da Área de Operações Indiretas do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Cláudio Bernardo Guimarães de Moraes. Até agora, os indicadores demonstram que a crise global não tem afetado significativamente este universo.
Entre outubro de 2006 a setembro de 2007, o BNDES destinou R$ 10,4 bilhões ao setor, referentes a 73 mil operações. Entre outubro de 2007 e setembro de 2008, foram contabilizadas 104 mil operações, com recursos da ordem de R$ 15 bilhões e a previsão é de que seja liberado mais 1 R$ bilhão até o fim do ano. Para 2009, o banco trabalha com um valor de R$ 17 bilhões.
Para o superintendente, os efeitos da crise poderão ser mais bem avaliados a partir de novembro, mas a percepção é que eles devem ser detectados em pequena escala. Até o momento, as informações repassadas pelos bancos para o BNDES é que não está havendo cancelamento das operações já previstas.
"Até setembro, não há sinais de desaceleração. Ao contrário, a aprovação e o desembolso das operações feitas pelos bancos para as micro e pequenas empresas mostram uma curva ascendente. O que temos percebido é que a maior parte dos recursos foi destinada à compra de bens de capital como máquinas e equipamentos para atender a demanda do mercado interno", afirma Moraes.
O Brasil tem escapado da crise graças a um cenário particular. Para o superintendente, o País tem grandes projetos estruturantes, registrou um crescimento real da renda, possui um sistema bancário sólido e conservador, "que aprendeu muito com crises passadas", e as micro e pequenas empresas que, com o mesmo perfil, se capitalizaram, graças a um cenário econômico favorável.
O cartão BNDES, outro instrumento utilizado para medir os efeitos da crise, também apresenta uma evolução crescente. Em setembro, foram desembolsados R$ 80 milhões e em outubro, houve um acréscimo de R$ 5 milhões, totalizando R$ 85 milhões.
Embora trabalhe com um cenário positivo, em que não se vislumbra a recessão, o superintendente do BNDES não descarta mudanças. "Deve ocorrer uma adequação do consumo e um choque de realidade nas commodities, o que deve desacelerar o crescimento, mas é difícil parar um trem em movimento. O nível de desemprego seria um dado preocupante, mas não é isso que está acontecendo", avalia.
Para o superintendente do BNDES, o banco acompanha o desdobramento da crise, pronto para intervir e manter a normalidade. Neste cenário, ele destaca a importância das micro e pequenas empresas para a economia. "As micro e pequenas empresas são grandes empregadoras. O BNDES está atento e trabalha para que elas não sejam afetadas pela ausência de recursos. Se faltar crédito, morre todo mundo", afirma.