O Ministério da Agricultura brasileiro informou, na última quarta-feira (23), que não irá atender ao pedido de exportação de 500 mil toneladas de arroz que recebeu de países sul-americanos e africanos. A atitude vem para preservar o preço do alimento.
O motivo é a baixa oferta em relação à demanda: a produção estimada para a safra 2007/2008 é de 11,9 milhões de toneladas, mas o consumo interno deve atingir 13,1 milhões de toneladas. Em 2007, o País importou 1,07 milhão de toneladas do produto e exportou 313 mil toneladas.
"O Brasil é auto-suficiente em arroz e tem um pequeno estoque de excedente, mas para a segurança do abastecimento nos próximos seis a oito meses, quando tiver o período da entressafra, as exportações foram suspensas", afirmou o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes.
Setor privado
Stephanes explicou que o produto teve valorização média de 30% nos últimos dias, situação motivada pelas barreiras impostas por países asiáticos às suas exportações. Dessa maneira, o Governo pode apelar para o aumento de impostos de importação para desestimular as vendas externas também do setor privado.
O temor é que os preços elevados do alimento no mercado internacional levem os empresários a privilegiar as exportações, como forma de obter maiores lucros.
"A questão do arroz é um fenômeno novo. Vamos acompanhar o movimento dos maiores produtores mundiais. Com o preço favorável é possível que haja um aumento na produção e que a situação do abastecimento seja sanada até o ano que vem. Com base nisso é que vamos tomar outras providências no Brasil", finalizou.
Leilão e preço
Ainda nesta quinta-feira (24), o ministério definirá quanto do 1,6 milhão de tonelada de arroz em estoque será leiloado. A medida tem o objetivo de evitar uma disparada nos preços do produto.
Ao menos por enquanto, a situação não é tão crítica quanto à registrada em outros produtos. Problemas enfrentados com o abastecimento do trigo no mercado externo impactam diretamente o bolso do brasileiro.
No âmbito do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), o arroz ficou 0,63% mais caro em março, acumulando valorização de 1,87% no ano. O pão francês, apenas a título comparativo, teve variações de, respectivamente, 4,24% e 6,20%.