Brasil espera corte em subsídios agrícolas com visita de Obama

De Washington, o Conselho de Negócios Brasil-EUA enviou um aviso do setor privado ao presidente Barack Obama, que visita Brasília e Rio de Janeiro no final de semana: vai ser preciso dar algo especial ao Brasil, de preferência corte nos subsídios agrícolas americanos, se a Casa Branca espera aumentar as exportações ao país.

"Não sei se haverá algum tipo de acordo sobre isso na visita, mas Obama tem que exercer sua liderança junto ao Congresso dos EUA para tentar eliminar os subsídios", disse Gabriel Rico, presidente da Câmara Americana de Comércio para o Brasil. "Sem oferta, não tem negócio; a balança comercial [bilateral] já é negativa para o Brasil."

Em termos de acordos, o conselho afirma esperar avanços nas discussões sobre um tratado bilateral sobre impostos que resolva a questão da dupla taxação e primeiros passos para um diálogo sobre eventual tratado de livre comércio entre os dois países.

Rico disse crer que um TLC é possível no longo prazo apesar das exigências do Mercosul, por onde a princípio tais acordos deveriam ser negociados em conjunto pelos países-membros.

"Os setores privados de Brasil e EUA são muito a favor de um tratado de livre comércio", afirmou. "Sabemos que não é possível agora, mas acredito que podemos criar o ambiente político necessário para essa negociação."

Rico disse ainda que "Brasil e EUA têm que lavar a roupa suja" em muitas áreas antes de discutir um tratado, desde a rodada Doha até os subsídios agrícolas americanos.

Sobre a dupla taxação, não há perspectiva de acordo final, mas os empresários vem pressionando pela aceleração das discussões. "O Brasil é um único dos Brics com o qual os EUA não têm um tratado bilateral sobre impostos", disse Steven Bipes, diretor-executivo do Conselho. "A situação atual é contrária ‘a competitividade que ambos os países querem estimular."

A esperança do conselho é que a viagem resulte ao menos em um acordo de cooperação econômica e de comércio, uma medida preliminar que define termos de negociações para outros tratados. Os EUA têm esse tipo de acordo com o Uruguai.

Outra conversa que os empresários gostariam de ver entre a presidente Dilma Rousseff e Barack Obama é a respeito da "guerra cambial". "O real está muito valorizado, isso nos prejudica", afirmou Rico.

"E a competição com a China [cuja moeda é considerada artificialmente subvalorizada] é uma preocupação comum aos dois países."

De mais concreto, a viagem oferecerá oportunidades de investimentos a representantes de 60 empresas dos EUA. O grupo irá a Brasília, Rio de Janeiro e depois São Paulo, acompanhado inicialmente tanto pelo secretário do Comércio dos EUA, Gary Locke, quanto pelo representante americano para o Comércio (do USTR), Ron Kirk, além do secretário americano de Energia, Steven Chu.

Energia e infraestrturura são duas áreas consideradas pelo conselho chave para investimentos.

Na primeira, despertam interesse de fontes nucleares a energia limpa e o petróleo do pré-sal, passando pela distribuição de eletricidade. O potencial de extração do pré-sal para exportação foi um dos pontos mais discutidos da conversa que Bipes e Rico mantiveram com jornalistas brasileiros e estrangeiros ontem em Washington.

Na segunda, há destaque para as necessidades provocadas por mega-eventos como as Olimpíadas de 2016, a Copa de 2014, jogos militares etc, e também para demandas gerais como na aviação civil. "Adoraríamos ver mais voos diretos entre Brasil e EUA", disse Bipes.

Ele afirmou esperar também a confirmação de um programa que elimine a necessidade de alguns vistos para viagens de brasileiros aos EUA.
 

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