Brasil pode se transformar em potência do petróleo

Reportagem publicada na edição desta sexta-feira do The Wall Street Journal (WSJ) diz que "uma agitação da atividade da Petrobras" está aquecendo a especulação de que o Brasil pode ter petróleo suficiente para participar das "grandes alianças de exportadores mundiais" do produto e "aliviar a pressão sobre os preços em alta".

O jornal menciona o anúncio feito na última quarta-feira pela estatal, de ter encontrado indícios de petróleo na área do pré-sal no bloco BM-S-8. A área está localizado a cerca de 250 quilômetros da costa do Estado de São Paulo, próximo ao campo Tupi, "a maior descoberta mundial desde 2000 e a maior do Ocidente desde 1976", lembra o jornal.

"Com os preços do petróleo atingindo novas máximas, grandes descobertas no Brasil podem aumentar o otimismo do setor de energia de que pode entregar petróleo suficiente para acompanhar a aceleração da demanda", diz o The Wall Street Journal. Segundo a publicação, a queda de 1,8% registrada ontem na cotação do petróleo na Bolsa Mercantil de Nova York (Nymex), para US$ 130,81 o barril, pode ser atribuída "parcialmente à perspectiva de mais oferta por parte do Brasil".

As grandes descobertas no Brasil seriam especialmente bem recebidas nos EUA, ao propiciar uma nova fonte de petróleo em seu próprio hemisfério, diz o jornal. A reportagem lembra que perfurações exploratórias em campos diferentes produziram um petróleo muito semelhante ao da descoberta anunciada na quarta-feira, alimentando uma nova teoria "perturbadora": a de que a Bacia de Santos seria um "megadepósito contíguo de petróleo".

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Riscos

Observadores do setor disseram ao jornal que, apesar da excitação, há boas razões para ceticismo. Eles apontaram os riscos e os custos de extrair petróleo de águas ultraprofundas. "O sal que encobre os campos potenciais acrescenta desafios técnicos, porque se desloca e é propenso a súbitas mudanças de pressão", diz a reportagem. "E a despeito dos avanços na tecnologia de imagem, é impossível saber a quantidade e a qualidade do petróleo contido numa reserva até que ele comece a jorrar – um processo que pode levar anos", afirma o The Wall Street Journal.

"Isso ainda está num estágio muito preliminar", disse ao jornal Peter Jackson, diretor sênior da consultoria especializada Cambridge Energy Research Associates. "Num jogo deste tamanho e escala, ainda há muito de avaliação e dever de casa a fazer para estabelecer as reservas prováveis, e depois eles terão muito trabalho para distribuir isso", afirmou.

O jornal cita a forte valorização das ações da Petrobras, que fez a empresa superar nomes como Microsoft em capitalização de mercado. A reportagem aponta ainda a suspensão dos leilões programados para novas concessões de exploração na Bacia de Santos após a descoberta do campo Tupi. "Alguns observadores leram isso como um sinal de que os brasileiros acreditam que a Bacia está inchando de petróleo e querem melhorar os termos nos novos leilões."

O The Wall Street Journal enumerou recentes investimentos feitos pela Petrobras e lembrou a especulação gerada por declarações dadas no mês passado pelo diretor da Agência Nacional de Petróleo, Haroldo Lima, segundo as quais a Bacia de Santos poderia conter 33 bilhões de barris.

"Mesmo com o petróleo já descoberto, parece quase certo que o Brasil, que era importador líquido de petróleo até há poucos anos, vai se juntar à Venezuela e ao México no grupo dos principais produtores de petróleo da América Latina", diz a reportagem. "Para um país que começa a abandonar seu passado como país de desenvolvimento volátil, essa fonte de riqueza pode ser uma bênção confusa", afirma o The Wall Street Journal. "O dinheiro do petróleo encherá os cofres do governo mas também pode tentar o Brasil a seguir os hábitos esbanjadores de outros grandes exportadores de petróleo", alfineta. As informações são da Dow Jones.

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