A trading Czarnikow Group realizou estudo que prevê, em um cenário conservador, que o Brasil precisará de investimentos entre US$ 340 bilhões e US$ 490 bilhões em cana-de-açúcar até 2030 para atender à demanda futura por açúcar e etanol. O montante seria necessário para elevar o processamento de cana no país dos atuais 570 milhões de toneladas para 1,4 bilhão de toneladas no período.
Os números da Czarnikow consideram o avanço da demanda por açúcar e etanol nas próximas duas décadas. A primeira virá do crescimento da população mundial e da renda. Segundo a consultoria, o mundo vai demandar volume adicional de 80 milhões de toneladas de açúcar em 20 anos, dos quais metade virá do Brasil. Já para o etanol, a Czarnikow estima que o maior crescimento virá do mercado interno brasileiro que, segundo a consultoria, deve ter em 2030 cerca de 85% de sua frota formada por veículos flex fuel, ante os 45% atuais.
Para que o Brasil atinja a moagem de 1,4 bilhão de toneladas em 2030, a área cultivada com cana-de-açúcar teria de crescer em mais 9,17 milhões de hectares, o que significa mais que dobrar o cultivo, uma vez que atualmente os canaviais no Brasil ocupam cerca de 7 milhões de hectares.
O desafio para as companhias desse setor será lidar com os custos de produção, que devem crescer significantemente. A Czarnikow projeta que o custo operacional de produção de açúcar será de 35 centavos de dólar por libra-peso (US$ 772 por tonelada), um aumento de mais de 85% nos próximos 20 anos.
O custo agrícola vai continuar sendo o principal componente de gastos, representando 60% do custo operacional total. É esperado que o custo com a cana dobre nos próximos 20 anos, dos atuais US$ 37,5 por tonelada para mais de US$ 75 por tonelada, segundo a Czarnikow.
A consultoria prevê que os custos industriais também vão avançar com aumento dos salários. Em 2030 eles devem atingir US$ 18 por tonelada de cana, ante os US$ 10 por tonelada nos dias atuais, representando 14% dos custos totais.
A Czarnikow desenha dois cenários para o etanol que vão interferir no investimento necessário até 2030. O primeiro deles considera que a participação do hidratado no consumo de combustíveis vai crescer cerca de 0,5% ao ano e atingir 31% em 2030, ante os 26% atuais. Trata-se de um cenário conservador e é baseado na premissa de que o avanço na produção de etanol não será suficiente para acompanhar o crescimento da demanda, o que significará alguma “destruição da demanda”.
Neste cenário, afirma a Czarnikow, é estimado que a produção de 52 bilhões de litros de etanol hidratado e 19 bilhões de litros de anidro, em um total de 71 bilhões de litros de etanol até 2030.
O segundo cenário desenhado pela consultoria é de que a participação do anidro vai subir de 26% para 89% em 2030 com todo o potencial de demanda por anidro sendo atendida. Isso poderia significar a produção de etanol de 141 bilhões de litros, sendo 137 bilhões de hidratado e 4 bilhões de anidro.