A construção de hidrelétricas binacionais em parceria com os países que fazem fronteira com o Brasil, o intercâmbio de energia com a Venezuela e a conclusão do Gasoduto do Sul fazem parte da política brasileira de integração energética com a América do Sul.
Ao participar ontem (18) da abertura do Fórum Global de Energias Renováveis, o ministro das Minas e Energia, Edison Lobão anunciou que o Brasil assinou um acordo com o Peru para a construção de 15 hidrelétricas no país vizinho que irão gerar cerca de 20 mil megawatts. Como o Peru não precisa de toda a energia, o Brasil irá importar o excedente.
O acordo para a construção da primeira usina, que vai gerar 1,4 mil megawatts e custar cerca de R$ 2 bilhões, foi assinado durante visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Peru. A construção das hidrelétricas será feita por meio do sistema Eletrobrás.
Lobão disse que são muito amplas as possibilidades de acordos binacionais na área de geração de energia. Ele conta que acertou com a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, o desenvolvimento de uma plano para exploração de rios que ficam na fronteira dos dois países e o uso da energia em parceria. Segundo ele, a Bolívia tem o mesmo interesse.
Com a Venezuela, o Brasil fez um acordo de intercâmbio de energia. Todo ano, serão trocados de 2 mil a 3 mil megawatts entre os dois países, que têm regimes de chuva diferenciados. “Quando está chovendo muito na Venezuela, chove pouco no Brasil e vice-versa”, explica o ministro. Para isso, vai ser necessário aumentar a capacidade da linha de transmissão que corta os dois países, com capacidade atual de 200 megawatts.
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A Venezuela também vai exportar gás liquefeito para o Brasil, que será transformado em gás natural. “Poderemos transportar o gás por navios por todo o Brasil, o que facilita muito. Enquanto isso, vamos construindo gasodutos nacionais para atender a diversas cidades brasileiras”.
Segundo Lobão, existe interesse da Venezuela na construção do Gasoduto do Sul, que irá ligar os dois países mais a Argentina. “Conversei pessoalmente com presidente Hugo Chavez e acertamos que o Gasoduto do Sul é uma possibilidade desejada para Venezuela e aceita perfeitamente pelo Brasil. Devemos apenas tomar precauções quanto a mercado consumidor tanto no Brasil quanto na Argentina”, disse.
No Brasil, Lobão confirmou a construção de uma refinaria no Maranhão, que, segundo ele, será a maior do país e provavelmente da América do Sul. De acordo com o ministro, a refinaria vai produzir gasolina, diesel e nafta de alta qualidade, com o objetivo de exportar para os Estados Unidos e a Europa.
A escolha do local, de acordo com ele, foi estratégica. “São Luiz foi escolhida por ser o ponto mais próximo do mercado consumidor internacional e também por possuir um porto de grandes proporções da melhor qualidade”, disse. A construção da refinaria deve começar no próximo ano, e a previsão de conclusão é para 2015.