Carga tributária representa mais de 30% do preço de jóias

Segundo a presidente da Ajorio (Associação dos Joalheiros e Relojoeiros do Estado do Rio de Janeiro), Carla Pinheiro, a carga tributária é responsável, em média, por 35% da composição de preços das jóias. Para ela, a redução de tributos e uma mudança de visão do governo sobre o ouro podem dar novo fôlego ao setor.

"Comparado com todos ao outros produtos com os quais compete, (o setor joalheiro) é altamente taxado. A tributação ainda é muito alta. Se comparada com o resto do mundo é ainda mais elevada", diz.

ICMS
Somente de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) o setor paga 12% no estado do Rio de Janeiro, há pouco tempo era 15%. Pinheiro informa que a indústria de joalheria já está em negociação com o governo fluminense para tentar viabilizar um programa de desenvolvimento do setor.

"Infelizmente, o consumidor ainda não consegue sentir esta redução, porque temos outros índices que compõem os preços (…) vamos aproveitar experiências que já são feitas dentro do próprio país, a exemplo de Minas Gerais (cujo ICMS é de 5%), e fora."

Em São Paulo a situação não é muito diferente. De acordo com o diretor do IBGM (Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos), Ecio Morais, a tributação para as empresas que não fazem parte do Simples chega a 34%, enquanto para as que fazem, os tributos giram em torno de 13%.

"Pretendemos estudar, junto com o governo, uma forma das empresas competirem com igualdade e uma forma de competirmos com os outros estados, especialmente os vizinhos", diz.

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Ouro
Outro entrave para o setor joalheiro, segundo a presidente da Ajorio, é a dificuldade para comprar matéria-prima a prazo e a falta de financiamento para o ouro, que para o setor é matéria-prima e para o sistema financeiro e o governo é commodity financeira.

Essa diferença, segundo Morais, faz com que a tributação do ouro seja alta, pois, "neste caso, a cobrança não seria como a de um insumo qualquer", o que acaba impactando nos preços.

"Quando essas características próprias do setor foram compreendidas no resto do mundo, os impostos foram praticamente zerados", ressalta Pinheiro, que cita países como Tailândia, Índia e China, onde o setor desponta como uma das principais forças econômicas locais. "Esses governos entenderam que o setor de jóias precisava ser visto com outros olhos."

Perfil do consumidor
Segundo Carla Pinheiro, o consumidor de jóias no Brasil vem de todas as classes sociais. "Todo mundo compra jóia, desde os mais ricos, da classe AA, quanto os mais pobres, que compram coisas mais simples para presentear em datas especiais como batizado, formaturas e casamentos".

Entretanto, ela ressalta que o principal público é formado por mulheres, maiores de 30 anos, que gostam de peças exclusivas.

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