O conturbado momento enfrentado pelo setor financeiro norte-americano, assim como seus preocupantes desdobramentos à atividade econômica do país, tem feito com que grande parte dos analistas apostem em uma recessão para a maior economia do mundo em 2008. Entretanto, ainda existem exceções à regra.
É o caso do Citigroup, que em relatório publicado nesta quinta-feira (2), mostrou visão destoante do pessimismo quase que generalizado para o PIB (Produto Interno Bruto) dos EUA. "Projetamos um crescimento de 1,8% para o PIB neste ano, que deve ser o mais expressivo entre as nações desenvolvidas", afirmaram os analistas do banco.
Segundo eles, tal percepção se deve ao fato de que os problemas enfrentados pelo país estão focados somente nos setores imobiliário e financeiro, ao passo que outras esferas da atividade econômica – como as exportações – continuam em alta, o que deve sustentar a expansão, mesmo que pequena, da economia norte-americana.
Visão favorece Wall Street
Já quando o assunto passa a ser mercado financeiro e a forte volatilidade que vem sendo observada nos últimos meses, a análise da equipe do Citi também favorece os EUA em comparação a outros importantes centros globais, como os europeus.
O banco lembra que desde o início da crise, em julho do ano passado, as principais bolsas norte-americanas têm sofrido menos que mercados de grande expressão internacional, como os europeus e os asiáticos. "Acreditamos que isto se deve aos fortes ganhos corporativos no país, com exceção do setor financeiro e da indústria automobilística", destaca o Citi.
Desta forma, a instituição avalia que o desempenho negativo da maioria dos papéis listados em Wall Street ao longo do ano tem refletido somente as incertezas diante dos desdobramentos da crise, e não os sólidos fundamentos e os bons resultados das companhias.
Em meio a esse contexto, a avaliação para os mercados financeiros é a seguinte: "cautela no curto prazo, recuperação no longo prazo".
Pressão por corte nos juros
Por fim, com relação à política monetária norte-americana, o otimismo também se faz presente. Isso porque o banco espera que a inflação no país desacelere nos próximos meses, em linha com o arrefecimento nos preços das commodities, o que pressionaria ainda mais o Fed a promover um corte no juro básico.
Neste sentido, vale destacar que a relutância de alguns membros da autoridade monetária em aceitar a política de afrouxamento promovida pelo presidente da instituição, Ben Bernanke, tem sido bastante criticada pelos analistas, que em sua maioria, apostam em um corte na Fed Funds Rate já na próxima reunião, marcada para o final do mês.