brCarbon é pioneira no uso de drone + LIDAR em projetos do mercado voluntário de carbono no Brasil. A inovação ainda permite fomentar ações de conservação
O uso pioneiro de um drone e um sensor LIDAR (do inglês Light Detection and Ranging) de última geração no mapeamento em três dimensões de florestas está transformando o trabalho da climate tech brCarbon. O principal objetivo é proporcionar precisão para mensuração, reporte e verificação (MRV, na sigla oficial) dos estoques de carbono florestal. A empresa, que tem sede em Piracicaba (SP), começou a utilizar a ferramenta neste ano, adicionalmente às medições realizadas em campo. Ainda em fase de testes, a aplicação da tecnologia começou na região de caatinga e da floresta amazônica.
Com o sistema drone + LIDAR, é realizada a contagem de árvores, o georreferenciamento, a medição indireta de altura, a medição da área e do diâmetro de copas, a identificação e quantificação de clareiras, além da mortalidade de árvores. “O ganho é expressivo. Por exemplo, para fazer o levantamento de uma mesma área em que, no trabalho tradicional de campo, manual, precisávamos de uma equipe de 10 pessoas operando durante até 15 dias, agora precisamos de apenas três pessoas trabalhando até 10 dias com o aerolevantamento via drone”, compara o engenheiro florestal Renan Kamimura, diretor técnico da brCarbon. O alcance também é muito maior. Um único sobrevoo com o drone mapeia entre 80 a 100 hectares. Com o método tradicional de mensuração, com uma equipe de 10 pessoas trabalhando, o rendimento médio é de um hectare por dia.
O uso do LIDAR aerotransportado é amplamente utilizado na Europa e nos Estados Unidos para diversas aplicações florestais, como mapeamento de clareiras, identificação de pragas e doenças, combate a incêndios florestais, estudos e pesquisas ecológicas. Agora, o mapeamento com os drones também está inovando o trabalho de conservação das florestas brasileiras. “A principal função do uso do nosso drone é quantificar o carbono estocado nas florestas em nossos projetos. É, também, uma outra perspectiva de observar e conhecer a floresta, vista de cima, pelo alto. Ver a floresta de maneira tridimensional, essa é a grande inovação, mensurando a altura das árvores e das florestas com mais precisão”, destaca Kamimura. Apenas com o LIDAR aerotransportado é que foi possível medir a árvore mais alta da Amazônia.
Em fase de teste, o mapeamento aéreo ainda é usado paralelamente ao sistema tradicional. Os dados levantados com o drone são comparados com as informações coletadas em campo, proporcionando maior confiabilidade e qualidade ao inventário florestal em projetos de carbono. Após esse período inicial, a ideia é validar a metodologia e publicar artigos em revistas especializadas. Neste contexto, será possível incorporar o sistema à rotina entre 2023 e 2024, reduzindo o esforço amostral em campo. Kamimura explica que a principal barreira para a disseminação do uso do LIDAR era o custo operacional, pois era necessário o aluguel de um avião para tanto. Agora, com o drone, o custo operacional é reduzido. Para os testes, a brCarbon firmou cooperações técnicas com instituições do terceiro setor, empresas, institutos de pesquisa e universidades.
Sobre a brCarbon – A brCarbon (BRC) é uma climate tech que promove soluções climáticas naturais com recursos financeiros do mercado de carbono para mitigar os efeitos das mudanças climáticas globais. Atua com estratégias e tecnologias inovadoras para viabilizar ações de conservação florestal, restauração ecológica e agropecuária e extrativismo sustentável, além de desenvolvimento das comunidades locais. Uma das frentes de trabalho é a geração de créditos de carbono para produtores rurais por meio da conservação de áreas florestais dentro de suas propriedades. Além do ganho ambiental e benefícios climáticos, a manutenção da floresta em pé do excedente da reserva obrigatória por lei é transformada em resultado financeiro para os proprietários. Fundada em novembro de 2020 e com sede em Piracicaba (SP), conta com uma diretoria técnica com 15 anos de experiência no mercado voluntário de carbono. Nos próximos três anos, a brCarbon pretende expandir sua atuação em oito estados da Amazônia Legal, atingindo a conservação de 1,5 milhão de hectares e beneficiando mais de 500 famílias tradicionais ribeirinhas.