*Por uma questão cultural e também financeira, a maioria dos profissionais busca o crescimento vertical nas empresas. Por meio dele, obtém-se salários mais altos, mais benefícios e, consequentemente, status dentro da organização*, explica o gerente da divisão de engenharia da Robert Half, Roberto Britto.
Como conseqüência desse intenso movimento em busca da promoção vertical, os profissionais passaram a focar nas competências comportamentais esperadas de um gestor e realizar cursos na área administrativa. Tanto que os cursos de MBA e pós-graduação voltados à gestão de empresas são os mais procurados no mercado.
O problema quanto às posições técnicas
Nesse cenário, os profissionais esqueceram das especializações em temas específicos, deixando para segundo plano os cursos voltados a novas tecnologias e metodologias de trabalho, explica Britto.
*O resultado é a falta de mão-de-obra especializada em diversos segmentos da indústria. Os principais segmentos nos quais essa carência é notada são os de construção civil, construção pesada, óleo e gás, automotivo e bens de consumo*.
Segundo o gerente da Robert Half, essa escassez gerou uma corrida atrás dos poucos profissionais especialistas que estão atualmente no mercado. *Os salários inflacionaram e essas posições ganharam destaque dentro das companhias, tornando-se tão importantes quanto as posições gerenciais, muitas vezes com salários superiores. Profissionais que estavam fora do mercado, já aposentados, estão sendo reintegrados às empresas com bons salários e uma perspectiva interessante de trabalho*.
Carreira em Y
Muitos profissionais especialistas têm sido valorizados nas empresas – ganhando, por vezes, mais do que um diretor – por meio da carreira em Y. Nela, são traçados planos de carreira em que o profissional não almeja necessariamente o cargo de gestor. Ele galga degraus em áreas técnicas ou administrativas, cresce e recebe salários superiores, sem ter que, necessariamente, ser promovido verticalmente.
Trata-se de um modelo que visa à retenção de talentos, muito comum entre empresas cujos profissionais são difíceis de encontrar no mercado, como as de tecnologia e as de telecomunicações.
*Com a carreira em Y, os profissionais mais jovens têm a possibilidade de crescer dentro da organização sem perder o foco técnico. Como conseqüência, atuam em cargos menores, mas com benefícios e salários compatíveis aos das posições gerenciais*, afirma Britto.
Foco no técnico
Nos próximos anos, o país deve continuar a receber investimentos internos e externos, consolidando sua economia e mantendo um crescimento consistente na área industrial. A necessidade por profissionais com foco técnico irá aumentar, pois as empresas precisam se manter atualizadas com as novas tecnologias, para se posicionarem em um mercado global altamente competitivo, nas palavras do gerente da Robert Half.
*Os especialistas terão a chance de demonstrar o quanto são importantes para a organização, os resultados que podem gerar e, principalmente, que não há crescimento sustentável sem o desenvolvimento de novas tecnologias e investimentos em profissionais para aplicá-las*, finaliza.