O modo de vida moderno é permeado pela capacidade de geração de conhecimento, mobilidade e conectividade das pessoas. Está tudo ligado, do campo aos grandes centros urbanos. A realidade do agronegócio mudou muito nos últimos anos por meio da agricultura digital. O campo, como era antigamente, precisou se reinventar para atender demandas que seguem desafiando a sustentabilidade mundial e são ainda prioridade para a humanidade: produção de alimentos e conservação do meio ambiente.
São 7 bilhões de pessoas no planeta e o Brasil, segundo a FAO, órgão das Nações Unidas voltado para o tema de segurança alimentar, tem um papel fundamental na mitigação da fome no mundo. Mas como aumentar a produção de forma sustentável? Sob esse contexto, a tecnologia semeou uma revolução no campo e transformou a agricultura brasileira num celeiro de modernidade. Não por acaso, a representatividade do agronegócio no PIB nacional saltou de ¼ para 1/3 no final de 2017. Começa uma nova era de escalada de sustentabilidade.
Produzir mais com menos
Aumentar a produção de alimentos de qualidade e energia alternativa de forma mais assertiva possível por meio do uso racional de recursos, principalmente os escassos – e de suas aplicações –, é o tema da ordem do dia. Em outras palavras, a tecnologia se fez imprescindível para garantir a produtividade no campo, ao mesmo tempo em que contribui diretamente para a conservação ambiental. É em solo nacional e fértil, com oportunidade de três safras anuais, que crescem investimentos em tecnologias pioneiras que garantirão o florescimento de uma economia mais fortalecida e permitirão a produção de alimentos essenciais à vida, com preservação de recursos naturais. Nas atuais condições do planeta, a sustentabilidade implica em ir além da relação com a natureza. Para visar “desenvolvimento”, “modernização”, “mercado mundial” e “bens de consumo” é preciso acertar no manejo inteligente tanto dos recursos naturais quanto dos “recursos humanos”.
Soluções a favor de uma agricultura mais sustentável
Mudanças drásticas que se fizeram necessárias, como a mecanização do campo, já se provaram de que a mão de obra não iria acabar. Ao contrário, ela se qualificou e as técnicas de proteção evoluíram. Um exemplo é o atual ciclo virtuoso da cana. A Lei que tornou compulsória a mecanização da colheita da cultura, perto de completar 5 anos, trouxe, além de máquinas para os canaviais, o fim das queimadas; uma prática rudimentar que era adotada à época da colheita manual. Hoje, com 100% da mecanização nos canaviais das líderes do segmento, sem a emissão de gases de efeito estufa, o ciclo da cana sequestra mais carbono do que emite. Apesar de todos os esforços, a ocorrência de incêndios ainda é um drama para os canaviais. E é aqui que a tecnologia entra para mudar esse panorama, mitigar e solucionar essa e outras demandas urgentes. Reduzir significativamente o tempo de identificação de grandes focos de incêndio, corrigir e evitar falhas nas linhas de produção por meio de monitoramento em tempo real e ser pontual na aplicação de insumos para garantir alimentos de qualidade já é uma realidade”.
Grandes passos que deram as gigantes do setor rumo à inovação
Na safra passada (2017/2018), durante o inverno mais seco dos últimos 30 anos na região Noroeste do Estado de São Paulo, a Tereos, terceiro maior grupo produtor de açúcar do mundo, deu início ao desenvolvimento do projeto piloto ORION (sigla para Observed Remote Information from Orbital Navigation). O novo investimento vem para somar esforços às iniciativas que a companhia já vem realizando para a prevenção e combate de incêndios. O projeto utiliza uma ferramenta pioneira de monitoramento por satélite desenvolvida pela empresa GMG Ambiental, de São José do Rio Preto.
O serviço, baseado no georreferenciamento orbital, usa 13 satélites e permite o monitoramento remoto, com o envio automático de alertas das ocorrências diretamente à Central de Controle da Tereos, localizada na unidade industrial Cruz Alta, em Olímpia (SP). Os satélites contratados pela GMG Ambiental são operados por agências governamentais – entre eles a Agência Espacial Americana (NASA) e a agência de meteorologia americana (NOAA) – e empresas privadas.
A Tereos investiu cerca de R$ 1 milhão ao longo do ano para o desenvolvimento e implantação do GMG.”Essa ferramenta tem como um dos principais objetivos melhorar ainda mais a agilidade no combate de incêndios, o monitoramento e suporte ao sistema de inteligência para o gerenciamento das brigadas, dentre outras funcionalidades, que são usadas para alocação de recursos”, explica Edilberto Bannwart, diretor de Sustentabilidade da Tereos. A localização precisa facilita a logística das ações de combate, diminuindo em 50% o tempo com o deslocamento dos caminhões de combate e os brigadistas mais próximos. A ferramenta possibilita ainda indicar as rotas rurais que permitem melhor tráfego para se chegar ao incêndio.
A John Deere, líder global em máquinas agrícolas, conta com práticas voltadas à diminuição de poluentes e economia de baixo carbono, inovando com soluções tecnológicas e buscando conexões mais práticas com o cliente e o campo. Dentre as ações, destacam-se o comprometimento da companhia para proporcionar melhorias ambientais em todo o mundo, com metas globais e públicas de redução do uso de água e energia (EcoEfficiency Goals), aumento da porcentagem de reciclagem de seus resíduos e com foco em utilizar engenharia para melhorar ainda mais seus produtos e serviços em questões ambientais; a aquisição daBlue River Technology, startup de robótica sediada no Vale do Silício, que identifica plantas no campo que necessitam de mais fertilização ou de aplicação de defensivos agrícolas; o projeto de Conectividade Rural, que leva internet aos agricultores brasileiros para que as tecnologias destinadas a melhorar a agricultura possam ser utilizadas em todo o seu potencial, além da parceria com startups ligadas ao agronegócio.
“Investimos US$ 4 milhões por dia em todo o mundo em Pesquisa e Desenvolvimento, alinhado à participação da John Deere junto a ILPF (Integração Lavoura-Pecuária-Floresta), uma das ferramentas mais eficientes que o Brasil tem, para cumprir com os objetivos assinados na COP21”, afirma Paulo Herrmann, presidente da John Deere Brasil, que, atualmente, também preside a Associação Rede ILPF. A integração é uma estratégia de produção agropecuária que engloba diferentes sistemas produtivos, agrícolas, pecuários e florestais, desenvolvida para contornar os problemas como erosão, perda de fertilidade dos solos, assoreamento dos cursos d’água, poluição do solo e da água e emissões de gases de efeito estufa. Em 12 anos, os resultados obtidos já superam as metas do Plano ABC estabelecidas pelo Brasil no Acordo de Paris (COP-21): o País chegou a 11.5 milhões de hectares em ILPF, ou seja, 2.5 milhões de hectares acima do acordado, que era de 9 milhões/ha.
Com modelo de negócio baseado em prover Soluções Inteligentes, a companhia atua para ser cada vez menos ferro e mais inteligência. Nessa tendência, além das inovações já mencionas, a John Deere trabalha com tecnologias avançadas para Agricultura de Precisão (AP), trazendo uma gestão eficiente da propriedade para o agricultor, melhorando sua produtividade, renda e a preservação do meio ambiente – aAP contribui para otimização de aplicação de insumos, redução de consumo de combustível, melhor utilização do solo, com aumento de produtividade sem necessidade de aumento de área cultivável. A importância da tecnologia para a John Deere se traduz na construção de um espaço que integra sistemas produtivos e busca soluções diferenciadas, o Centro de Agricultura de Precisão e Inovação, em Campinas (SP), inaugurado em 2016.
Já a Adama, empresa global do setor de agroquímicos, também é reconhecida por atuar de forma ampla no mercado, realizando investimentos contínuos em pesquisa e desenvolvimento nas áreas de tecnologia e inovação. “Um dos resultados mais expressivos desse investimento é o Adama Wings, tecnologia baseada na captura de imagens por veículos aéreos não tripulados (drones) para a identificação de falhas de plantio, mato competição e solo exposto”, diz Roberson Marczak, gerente de inovação da Adama no Brasil. Com algoritmos desenvolvidos por profissionais da empresa em Israel e trazida ao Brasil para oferecer praticidade e soluções para o cotidiano do agricultor, a solução visa ao uso racional e assertivo do defensivo agrícola a ser aplicado, minimizando impactos ao meio ambiente.
As imagens são processadas para mensurar o tamanho das áreas afetadas e gerar relatórios que permitem a otimização da produtividade da usina por meios do monitoramento rápido e preciso da área plantada. Além de fornecer um novo olhar do produtor às suas plantações, o serviço também representa benefícios ao meio ambiente, uma vez que ele otimiza o uso de defensivos nas áreas de plantio.