O aumento das importações em ritmo superior ao crescimento das exportações deve-se, principalmente, à compra de maquinaria e equipamentos – o que indica que as indústrias estão aproveitando o dólar em torno de R$ 1,70 para ampliar sua capacidade produtiva. A avaliação foi feita ontem (1º) pelo secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Welber Barral, ao divulgar o resultado da balança comercial de março.
A média diária de compra de bens de capital aumentou 69,7% no último mês em relação a março do ano passado, passando de US$ 91,2 milhões para US$ 154,7 milhões. No mesmo período, a média diária do total das importações passou de US$ 435,6 milhões para US$ 580,1 milhões, crescimento de 33,2%.
Mesmo inflenciada pelos automóveis – cuja importação, na média diária, aumentou 76,6% em 12 meses – a compra de bens de consumo registrou aumento menor que a de maquinário. A importação de bens de consumo subiu 32,4%, na média diária, que passou de US$ 61,3 milhões para US$ 81,2 milhões. O volume representa menos da metade do crescimento da compra de bens de capital.
Para Barral, os resultados mostram que o Brasil está aproveitando o momento favorável às importações para investir no aumento da produção nacional. “Desde quando as importações começaram a subir, a compra de bens de capital tem registrado crescimento sempre superior a 50% na comparação com o mesmo mês do ano anterior”, afirma.
Além do dólar, diz o secretário, fatores logísticos, como a carga tributária e problemas de competitividade, têm contribuído para a escalada das importações. Ele, no entanto, alega que o governo está tomando providências para preservar o saldo da balança comercial (diferença entre exportações e importações).
“Em relação ao câmbio, o governo apresentou medidas para desonerar a exportação e tributar os investidores estrangeiros”, destacou. “A competitividade das indústrias pode ser melhorada com a política industrial [que será lançada até o dia 15]”, completou.
O secretário rebateu as alegações de analistas financeiros de que o desempenho das exportações brasileiras depende exclusivamente do preço das commodities (bens primários com cotação no mercado internacional).
No ano passado, as exportações superaram as importações em US$ 160,6 bilhões. Caso o preço das commodities tivesse se mantido inalterado, o superávit da balança comercial, de acordo com o estudo, teria ficado em US$ 154,2 bilhões, 11,9% a mais que em 2006. “Nossa tarefa continua a ser agregar valor, conteúdo e inovação às exportações”, disse Barral.