Em reunião realizada com representantes do agronegócio na última quinta-feira (24), o Ministério da Agricultura liberou o leilão de 55 mil toneladas de arroz estocadas no Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), a medida conterá as escaladas do preço do cereal.
"A venda dos estoques públicos vai colaborar para que o mercado atinja um preço base, bom para produtor e consumidor", explicou o gerente de alimentos básicos da companhia, Paulo Morceli.
Preços
Apenas neste mês, o produto chegou a ficar 30% mais caro ao distribuidor. O índice de Esalq, que mede o preço médio do arroz do Rio Grande do Sul, passou de R$ 23,58 a saca de 50 quilos em 1º de abril, para R$ 32,06 a saca de 50 quilos na última quarta-feira (23).
Ao consumidor, segundo pesquisa semanal de cesta básica da Fundação Procon de São Paulo, o pacote do cereal tipo 2 com cinco quilos ficou 1,39% mais caro, passando de R$ 7,21 para R$ 7,31. Os dados são uma comparação das coletas dos dias 10 e 17 de abril.
Negócio
Conforme o Ministério da Agricultura, o produto será negociado em leilão com preço de abertura de R$ 28 a saca de 50 quilos. No início desta semana o cereal chegou a ser negociado no sul do Brasil a R$ 32,24 a saca de 50 quilos, enquanto em março atingiu R$ 22.
A Conab mantém em seus armazéns 1,4 milhão de tonelada de arroz, concentrada sobretudo no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. A quantia é equivalente à cerca de 10% do consumo anual do mercado brasileiro.
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Risco de abastecimento
O diretor do Departamento de Comercialização e Abastecimento Agrícola e Pecuário, José Maria dos Anjos, destacou que o Brasil não enfrenta problemas de abastecimento do produto.
"Até fevereiro de 2009, final do ciclo da cultura, o mercado interno contará com 13,8 milhões de toneladas de arroz", afirma. O cálculo considera a produção de 11,95 milhões de toneladas da safra 2007/2008, o estoque inicial da safra, de 1,85 milhão de toneladas, sem considerar as importações e exportações.
Com cerca de 80% da safra brasileira de arroz colhida, e considerando-se o consumo nacional do arroz dos últimos dois meses, de 2,18 milhões de toneladas, ainda existem disponíveis no mercado interno, para os próximos 10 meses, 11,6 milhões de toneladas.
"O que houve foi uma alta atípica de preços no mercado internacional provocada pelo aumento do consumo", avaliou.
Aumento de impostos, só se for muito necessário
Após o encontro com o Governo, líderes do setor privado afirmaram que foi descartada qualquer possibilidade de impor barreiras às vendas externas do grão.
O ministro Reinhold Stephanes não participou da reunião, mas, ao sair do ministério, confirmou que não foi pedido aos agricultores que não exportem. "Nós vamos deixar o mercado fluir, desde que não haja risco de desabastecimento", garantiu. Quanto ao possível aumento de impostos para conter a saída do produto do País, o ministro disse que a medida só seria adotada em casos extremos.
De acordo com o representante da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), na Câmara Setorial do Arroz, Francisco Schardong, as exportações brasileiras de arroz totalizaram 800 mil toneladas no ano passado. "E a meta de exportação deste ano é a mesma", contou à Agência Brasil.