As consultas ao Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC) da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) registraram aumento de 21,8% na primeira quinzena de abril deste ano sobre o mesmo período de 2007. As consultas ao SCPC Cheque (antigo UseCheque) cresceram 18,9% no mesmo período.
O presidente da ACSP, Alencar Burti, explica, porém, que estes números não refletem o desempenho do varejo, pois foram influenciados pelo efeito do calendário. Em 2007 o feriado prolongado da Páscoa ocorreu na primeira quinzena de abril. “Se eliminarmos esse efeito, vamos constatar que o ritmo das consultas do SCPC é da ordem de 7,8% e do SCPC Cheque, de 5,9% na quinzena, indicando que o movimento do varejo, corrigida a sazonalidade típica desse período, se mantém quase inalterado desde o final do ano passado”.
Os registros recebidos no cadastro de inadimplentes do SCPC (dívidas incluídas) cresceram 21,9%, enquanto que os registros cancelados (dívidas excluídas) aumentaram 22,8% na comparação entre as quinzenas de abril de 2007 e de 2008.
Segundo Burti, com relação à inadimplência, observa-se ligeira aceleração, que sinaliza a necessidade de cautela; entretanto a recuperação, isto é, os pagamentos ou as renegociações de débitos, também vêm crescendo de forma significativa.
O presidente da ACSP mostra-se preocupado com o clima criado em torno da reunião do Copom, como se fosse consenso a necessidade de elevação da taxa SELIC. Ele argumenta que o setor produtivo tem visão diferente da do mercado financeiro e entende não haver razão para o aumento da taxa de juros.
“As pressões inflacionárias derivadas dos preços das "commodities" são determinadas pelo comércio internacional, enquanto os preços de alguns alimentos, como o feijão, resultaram de quebra da safra e não do excesso de demanda. Um aumento da taxa SELIC deverá ter repercussão maior sobre os investimentos do que em relação ao consumo. É preciso ficarmos atentos ao custo fiscal e ao impacto sobre o câmbio, que estimulará o ingresso de capital especulativo”, disse.
Segundo Burti, a maior preocupação dos empresários é a de que, iniciado um processo de elevação dos juros, ele não se limitará a uma majoração de 0,25% da SELIC, mas deverá continuar por mais tempo, gerando grande incerteza para os negócios.