Crédito ao consumidor mantém compras em alta, apesar da inflação

Preços subiram e as vendas também. Esta é a realidade de algumas categorias de produtos como móveis e artigos de decoração, materiais de construção e também veículos. Divulgado na quarta-feira (10) pela Fecomercio-SP (Federação do Comércio de São Paulo), o IPV (Índice de Preços no Varejo) mostra que os três grupos apresentaram aumento de preços em agosto, mas os consumidores, mesmo assim, continuaram comprando. O motivo, para todos os casos, é o mesmo: crédito.

Construção
Prazos cada vez maiores para pagar, além de opções de parcelamento facilitadas, fazem com que o consumo de materiais de construção continue com um ritmo forte. A expansão do crédito, somada ao aquecimento do mercado imobiliário, fizeram com que os consumidores continuassem comprando estes produtos em agosto, mesmo com uma alta de preços de 1,14%, registrada pelo IPV.

Facilidades
Situação semelhante ocorre com o grupo de móveis e artigos de decoração. A Fecomercio aponta, em sua análise do IPV, que as vendas do setor estão em alta – assim como a inflação dos produtos do grupo, que em agosto teve variação positiva de 0,36%.

A razão do consumo, apesar da alta? Crédito, de novo. O bom momento do mercado imobiliário ajuda, mas, em agosto, o que pesou de fato foram as facilidades para parcelar as compras nos cartões de grandes redes. Prazos mais longos podem ser traduzidos como "parcelas que cabem no bolso", e isso mantém o consumo mesmo com aumentos nas taxas de juros.

Apesar do preço…
Os preços dos automóveis também aumentaram, segundo o índice da Fecomercio. Em agosto, a elevação foi de 0,13%. Um dos motivos para o aumento, de acordo com a entidade, é a entrada de novos carros nas concessionárias, os quais, geralmente vêm com preços mais elevados. Prova disso é a inflação do subgrupo dos automóveis novos, que variou 0,40%.

Nem por isso o consumidor deixou de comprar. A oferta de crédito para o setor automobilístico vem dando conta de suavizar o impacto do aumento dos preços. Mesmo com elevação da inflação, os preços não têm sido pressionados intensamente, justamente por causa dos prazos longos para financiar os veículos.

Prazo é o que importa
Os números da Fecomercio, somados às informações sobre o aquecimento das vendas nos setores citados, sugerem que o consumidor está mais preocupado com o tamanho da parcela, e quanto do seu orçamento ela vai comprometer, do que com o valor a mais que ele vai pagar pelo produto em função dos juros.

Pesquisa da ACSP (Associação Comercial de São Paulo), que mapeou o consumo consciente e o endividamento do paulistano, constatou que, entre aqueles que fizeram alguma aquisição por meio de financiamento, 70% não soube dizer quais taxas de juros foram cobradas.

Dos 30% restantes, apenas 35% foram bem orientados e leram detalhadamente os contratos de financiamento; 59% não o fizeram e 6% disseram que foram orientados, mas não assinaram nenhum contrato.

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