Crédito fica mais caro pelo 2º mês seguido

Pelo segundo mês consecutivo, os juros cobrados tanto dos consumidores como das empresas subiram em junho em todas as linhas de crédito oferecidas pelos bancos e financeiras, aponta pesquisa da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).

O aumento médio da taxa mensal de juros de maio para junho foi de 0,04 ponto porcentual nas linhas de crédito destinadas a pessoas físicas e empresas. No mês passado, a taxa média ao consumidor estava em 7,33% ao mês ou 133,70% ao ano, ante 7,29% ao mês e 132,65% ao ano em maio, respectivamente. No caso das empresas, a taxa média mensal fechou junho em 4,21%, ante 4,17% em maio. Ao ano, os juros subiram para empresas de 63,27% em maio para 64,03% em junho.

"A alta da taxas de juros para o consumidor e empresas foi desta vez proporcional à elevação da taxa básica de juros, a Selic, de maio para junho", destaca o vice-presidente da Anefac, Miguel Ribeiro de Oliveira. No passado, diz o economista, quando a Selic aumentava, os bancos e as financeiras elevavam suas taxas numa proporção muito maior do que a taxa básica. Hoje, no entanto, isso não ocorre.

Ele aponta dois motivos para o repasse bem comportado da elevação dos juros básicos para as taxas finais. Um deles é a própria competição maior entre bancos e financeiras para emprestar. O outro é que as instituições financeiras estão mais conscientes, observa o vice-presidente da Anefac.

Mas essa nova atitude das instituições financeiras indica também que elas não vislumbram um cenário sombrio para o crédito. "As instituições financeiras não estão esperando o pior dos mundos", diz o economista. Se estivessem, subiriam os juros muito acima da elevação da Selic, restringiriam o crédito e encurtariam os prazos de pagamento dos financiamento, observa.

Hoje, diz Ribeiro de Oliveira, os bancos e as financeiras ficaram mais seletivos, porém ainda contam com um cenário de crescimento, ainda que menor, da economia e do emprego. Isso deve garantir estabilidade no nível de inadimplência e dinamismo na oferta de crédito para os próximos meses.

Um resultado da pesquisa que confirma essa avaliação é que os prazos dos financiamentos não foram alterados. Em junho, o prazo máximo dos financiamentos para compra de veículos estava em 72 meses, ou 6 anos, e o prazo médio em 42 meses, ou 3,5 anos. Desde fevereiro deste ano, essa condição de parcelamento vem sendo mantida. No caso de outros financiamentos, o prazo máximo em junho estava em 36 meses, ou 3 anos, e o prazo médio em 18 meses, ou 1,5 ano. Esses prazos são os mesmos desde junho do ano passado.

Em alta

Apesar da moderação nos repasses da alta da taxa básica para consumidor e empresas, a perspectiva é de que os juros dos empréstimos continuem em trajetória ascendente nos próximos meses. "Para conter o avanço da inflação, o Banco Central (BC) deve subir em dois pontos porcentuais a taxa básica de juros, que está hoje em 12,25% ao ano, até dezembro", prevê Ribeiro de Oliveira.

Isso significa alta de 0,5 ponto porcentual em cada uma das quatro reuniões do Comitê de Política Monetária do BC marcadas até o fim do ano. Apesar de contar com o cenário de alta dos juros nos próximos meses, Ribeiro de Oliveira pondera que o quadro pode não se confirmar diante dos sinais de arrefecimento da inflação que já começaram a aparecer.

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