O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) rejeita a tese de que a alta da inflação se deve a um processo de aumentos generalizados dos preços. Esta tese vem sendo defendida e difundida por uma parte considerável de analistas do mercado financeiro. A rejeição toma como base a evolução dos preços dos alimentos bem como a magnitude que eles deram para a alta do Índice do Custo de Vida (ICV) de maio. A inflação apurada por este indicador subiu 0,87% e só os alimentos contribuíram com 0,66 ponto porcentual.
"A partir das comparações envolvendo os alimentos, pode-se afirmar que a alta taxa de maio foi determinada pelo reajuste observado no grupo Alimentação. Este fato não aponta, necessariamente, para um processo inflacionário generalizado, uma vez que a maioria dos outros grupos teve taxas, em maio de 2008, inferiores às de igual período de 2007", analisa a coordenadora do ICV, Cornélia Nogueira Porto.
O grupo Despesas Pessoais teve seus preços aumentados em 0,81% no mês passado ante uma taxa de reajuste de 0,08% em maio do ano passado. O grupo Vestuário, que em outros indicadores de preços ao consumidor apresentou alta significativa no mês passado, acima de 1%, no IVC do Dieese subiu 0,26%. Os Equipamentos Domésticos até tiveram seus preços reduzidos em maio em 0,45%. Os gastos com Saúde subiram, em média, 0,50% em maio. Mas na comparação com o mesmo mês em 2007, quando os reajustes chegaram a uma média de 0,60%, houve uma desaceleração de 0,10 ponto porcentual.
Também reforça a versão contrária do Dieese a desaceleração do ritmo de alta do grupo Educação e Leitura, que ao variar 0,05% em maio mostrou uma desaceleração de 0,14 ponto porcentual ante a alta de 0,19% em maio do ano passado. Outro grupo que teve deflação o no mês passado foi o de Recreação, com queda de 0,67% sendo que no mesmo mês de 2007 havia ficado deflacionário em 0,08%. O grupo Habitação passou por um ajuste médio de 0,39%, mas comparativamente com a elevação de 1,89% em maio do ano passado, registrou uma desaceleração de 1,50 ponto porcentual.