Apesar da crise desencadeada em 2001, que ainda afeta a a Argentina, os empresários brasileiros ainda apostam no país vizinho. É o que garante o conselheiro da embaixada do Brasil na Argentina, Rodrigo Baena. Segundo ele, atualmente os investimentos brasileiros no país chegam a US$ 8 bilhões e esse intercâmbio comercial deve ser mais facilitado com a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o encontro que terá com a presidente Cristina Kirchner, que pode incentivar não apenas investimentos brasileiros na Argentina como atrair empresários argentinos para o Brasil.
Lula chegou a Buenos Aires no início da noite de ontem (3). Acompanhado por 264 empresários brasileiros, ele participa hoje (4) da cerimônia de abertura de um encontro empresarial entre o Brasil e a Argentina. A comitiva de empresários brasileiros deve se juntar a 100 participantes do seminário Argentina-Brasil: uma Aliança Produtiva Chave, a partir das 10h.
“É uma aposta, uma confiança que foi demonstrada pelo setor empresarial brasileiro em um país importantíssimo para nós e de grande relevância nas relações exteriores”.
Baena ressalta que os investimentos brasileiros na Argentina se destinam a setores como o têxtil, o siderúrgico e o automobilístico e que há “uma ampla gama de interesses brasileiros” no país vizinho.
“É o nosso principal parceiro comercial. Tudo dentro de um fundo político importante, já que há uma determinação do presidente Lula e da Cristina [Kirchner] de continuar avançando e desenvolvendo ainda mais as relações entre os dois países”.
O conselheiro destaca que esta é a terceira visita de Lula à Argentina e que os encontros bilaterais têm contribuído para que diversos projetos de integração na América do Sul avancem. Ele avalia que o “grau de intimidade” entre os dois países é “expressivo” e lembra que a presidente argentina também tem visita marcada ao Brasil no dia 7 de setembro – quando participa como convidada especial do governo brasileiro das festividades da Independência.
“Estamos chegando a um comércio entre os dois países de US$ 30 bilhões até o final do ano. Há uma densidade entre os dois países que sustenta esse enorme número de visitas”.
Sobre as negociações da Rodada Doha na Organização Mundial do Comércio (OMC), ele nega que a posição assumida pelo Brasil tenha posto o como “traidor" dos demais da América do Sul, inclusive a Argentina. De acordo com Baena, “não houve nenhum tipo de clima nesse sentido”.
Para o conselheiro, a decisão de Cristina de liberar as exportações de trigo para o Brasil – mesmo diante da investida do governo argentino de aumentar as tarifas de exportação para os produtores rurais no país – demonstra “boa vontade” com um item importante na pauta de importações brasileira.