Discurso oficial de que crise não será sentida no País reduz confiança da sociedade

O discurso oficial de que o Brasil está protegido e de que a crise não será sentida diminui o nível de confiança da sociedade na capacidade do governo em gerenciar a crise. Essa é a avaliação da Fecomercio-SP (Federação do Comércio do Estado de São Paulo), que afirma que a gravidade da crise é inequívoca.

"A confiança é elemento imprescindível para o momento e o governo deve sinalizar ao País que vai tomar medidas profundas para evitar que as turbulências venham a deteriorar os fundamentos econômicos que nos permitiram, nos últimos anos, elevar nossa posição internacional", afirma o presidente da entidade, Abram Szajman.

Situação do varejo
No entanto, a entidade considera que a situação do varejo em 2008 não irá sofrer impactos até o Natal, devido a fatores positivos como o aumento da massa salarial, que compensa a redução de crédito, e a própria sazonalidade do período.

Porém, também considera que o governo deveria adotar ações enérgicas para minimizar os impactos da crise em 2009. "Compreendemos, portanto, a gravidade do momento e endossamos todos os esforços dos governantes e autoridades da área econômica. O Brasil já pagou um preço altíssimo pela estabilidade da moeda e das reservas acumuladas. É necessário defender estas conquistas com tudo que temos à disposição", afirma o presidente da entidade, Abram Szajman.

Ações
Para o presidente do Conselho de Planejamento Estratégico da Fecomercio, Paulo Rabello de Castro, o governo deveria reverter a situação por meio de uma mudança na política econômica, que consistiria em baixar os juros gradualmente, aumentar a liquidez e conter a alta do gasto público para compensar esse aumento a curto prazo.

"Acreditamos que a política de juro excessivamente apertado já cumpriu seu papel. É hora de mudar. Os Bancos Centrais do mundo todo baixaram hoje, em ação coordenada. Falta o Brasil. Não há razão para o setor privado ter que financiar o gasto público ineficiente, com juros muito altos, nesta hora de dificuldade extrema. Todos devem ser solidários no País, a começar pelo governo", analisa.

A entidade também considera ser essencial o avanço nas reformas estruturais, e afirma que, ao anunciá-las, o governo fortalece expectativas de estabilidade. "A simples movimentação do governo de atuar nas reformas pode reverter as expectativas mais pessimistas e manter estável a economia", afirma Castro.

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