Economia do setor público bate recorde no semestre

O setor público consolidado (governo central, governos regionais e empresas estatais) registrou superávit primário – arrecadação menos despesas, exceto o pagamento de juros – de R$ 86,116 bilhões no primeiro semestre. Trata-se do melhor resultado para o semestre desde o início da série histórica, em 1991. O valor equivale a 6,19% do PIB. Segundo dados divulgados nesta quarta-feira, 30, pelo Banco Central, em igual período do ano passado, o resultado superavitário era de R$ 71,674 bilhões, equivalente a 5,81% do PIB. A economia do setor público está acima da meta, de 4,3% do PIB (que inclui 0,5% para o Fundo Soberano).

No acumulado entre janeiro e junho de 2008, a contribuição do governo central foi de um superávit de R$ 60,677 bilhões. A participação dos governos regionais foi de R$ 19,217 bilhões, sendo que estados economizaram R$ 17,246 bilhões e municípios tiveram superávit de R$ 1,970 bilhão.

O gasto com juro nos seis meses (R$ 88,026 bilhões) também foi o maior da série histórica para o semestre. Segundo o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes, a marca recorde foi gerada entre outros fatores pelo aumento da dívida e pela alta da inflação.

A participação das estatais no semestre foi superavitária em R$ 6,222 bilhões. A maior parte desse esforço foi feito pelas companhias de controle federal, que tiveram superávit de R$ 5,289 bilhões; estatais estaduais economizaram R$ 835 milhões e municipais R$ 99 milhões.

Nos 12 meses encerrados em junho, o superávit primário do setor público totalizou R$ 116,048 bilhões, o equivalente a 4,27% do PIB. Nos 12 meses encerrados em maio, o esforço fiscal correspondia a 4,34% do PIB. Nos 12 meses terminados em junho, o governo central apresentou superávit primário de R$ 75,999 bilhões. Já os governos regionais tiveram resultado positivo de R$ 29,577 bilhões. Nessa esfera, estados economizaram R$ 25,707 bilhões e municípios R$ 3,870 bilhões.

No período de 12 meses, o resultado primário de empresas estatais somou R$ 10,472 bilhões, gerado quase que exclusivamente pelas companhias de controle federal, que economizaram R$ 10,071 bilhões. Estatais estaduais apresentaram um superávit primário de R$ 259 milhões e estatais municipais R$ 141 milhões.

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Junho

O setor público consolidado teve em junho superávit primário de R$ 11,166 bilhões. Em junho de 2007, o superávit primário havia sido de R$ 11,647 bilhões. O resultado ficou dentro do estimado pelos analistas de 11 instituições financeiras consultadas pela Agência Estado, que esperavam um montante entre R$ 10,5 bilhões e R$ 18,7 bilhões, mas veio abaixo da mediana dessas projeções, que era de R$ 12,9 bilhões.

O resultado do mês passado foi gerado por superávits de R$ 7,067 bilhões do governo central, de R$ 3,096 bilhões dos governos regionais e de R$ 1,002 bilhão das empresas estatais. Nas instâncias regionais,o destaque foi o resultado dos Estados, que economizaram R$ 2,539 bilhões em junho. Entre as estatais, as federais tiveram superávit de R$ 919 milhões.

No entanto, o setor público registrou em junho déficit nominal – arrecadação menos despesas, com o pagamento de juros – de R$ 5,829 bilhões. Em maio, o déficit havia sido de R$ 2,966 bilhões e, em junho do ano passado, houve superávit nominal de R$ 667 milhões.

O governo central apresentou déficit de R$ 1,148 bilhões. Os governos regionais tiveram saldo negativo de R$ 5,650 bilhões, sendo R$ 4,933 bilhões dos estados. Nas empresas estatais, houve superávit nominal de R$ 969 milhões, basicamente por causa do superávit nominal das estatais federais, de R$ 1,115 bilhão.

Dívida x PIB

O indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB ficou em 40,4%, em junho, o equivalente a R$ 1,18 trilhão, segundo informações do BC. O número representa melhora ante o resultado de maio, quando o indicador estava em 40,6% do PIB. No ano, o indicador caiu 2,3 pontos porcentuais, já que em dezembro de 2007 estava em 42,7%.

Segundo o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes, a relação dívida líquida/PIB deve se manter estável em julho, na comparação com junho, fechando o mês em 40,4% do PIB. Para o final do ano, a projeção do BC continua sendo de 40,5% para a relação dívida/PIB. Altamir explicou que uma eventual revisão só ocorrerá no mês que vem.

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