A Eletrobrás passou, há uma semana, por sua mais profunda transformação desde que começou a operar, em 1962. A Lei 11.651, que lhe deu poderes semelhantes aos da Petrobras, o maior grupo empresarial brasileiro, conferiu autoridade à soberania da empresa, mas não o respaldo de mercado. A companhia recuperou o que havia perdido no período de privatizações, nos anos 90, e ainda teve ganhos extras no controle de suas oito subsidiárias. Mas não ganhou musculatura financeira.
O sistema Eletrobrás, que tenta há quatro anos negociar ações na Bolsa de Nova York, esbarra no rigor da Security Exchange Commission (SEC), o temido órgão de controle do mercado acionário americano. Entre as principais dificuldades, está a ingerência política que sempre marcou a gestão do grupo.
O engenheiro eletricista José Antonio Muniz Lopes, atual presidente da Eletrobrás, apesar da qualificação técnica, não foge à regra: apadrinhado do senador peemedebista José Sarney, ele garante que tem a fórmula para corrigir os problemas das seis distribuidoras federalizadas, que hoje são o calcanhar-de-aquiles do grupo. As empresas federalizadas são seis, nos Estados do Amazonas, Roraima, Acre, Alagoas e Piauí. Lopes reconhece o uso político de parte das elites políticas locais, que buscam dividendos eleitorais no fornecimento subsidiado de energia. Mas, diz haver também distorções econômicas que contribuem para as enormes dívidas que cada uma delas carrega. Seu plano é substituir os 26 diretores por uma diretoria única de sete técnicos, com sede no Rio de Janeiro, longe da influência de deputados e governadores. Mas até agora o ministro Edison Lobão ainda não aprovou o projeto. “O governo não quer privatizá-las, mas organizar a gestão financeira e acabar com déficits e dívidas”, disse. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.