O Brasil enfrentará uma escassez de aproximadamente 44,4 mil especialistas em tecnologias de redes (cerca de 29% da demanda) em 2010. O alerta é de um estudo realizado pelo IDC Latin America – braço do International Data Corporation (IDC) -, com o patrocínio da Cisco. Conforme a pesquisa, em 2007 o déficit no País era de 29,2 mil profissionais (27%). Segundo o levantamento, a falta de expertise é grave, especialmente em áreas como telefonia IP, soluções sem fio, segurança, gerenciamento e administração de redes, consideradas tecnologias avançadas.
Somente neste nível de conhecimento, a estimativa para 2010 é de uma carência de mais de 27 mil especialistas – hoje, o mercado nacional já enfrenta a falta de 17 mil profissionais com este perfil. Diante da tendência de convergência dos sistemas de comunicação, tais especialistas passam a ser essenciais para dar suporte ao crescimento das empresas e da economia como um todo. "Neste cenário, em uma economia cada vez mais competitiva, que necessita de informações, integração e mobilidade, esse profissional se tornará cada vez mais imprescindível no mercado de trabalho", diz o presidente da Cisco do Brasil, Pedro Ripper.
Na opinião do executivo, para o País, ter um gap de pessoas com formação nessa área pode significar impactos negativos na economia, já que essa demanda de conhecimento não poderá ser suprida de uma hora para outra. "É necessária uma ação imediata do governo e dos educadores, que garanta a continuidade do desenvolvimento do País e das empresas, que têm muito a se beneficiar com a adoção de novas tecnologias." Os especialistas em redes podem ter formação em qualquer curso de graduação, em áreas ligadas a TI, como Ciências da Computação e Análise de Sistemas, por exemplo. Também podem obter a expertise por meio de cursos de especialização, oferecidos por instituições como Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), Fundação Bradesco e Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) de São Paulo, entre outros.
Atuando inicialmente como técnicos, eles podem chegar a cargos de gerência e direção nas empresas, atingindo até funções como Chief Technology Officer (CTO) ou Chief Security Officer (CSO). "Como a oferta começa a ser maior do que a demanda, a tendência é que esse profissional seja cada vez mais requisitado e, conseqüentemente, melhor remunerado", projeta Pedro Ripper. Realizado desde março de 2007, o estudo do IDC Latin America analisou a situação atual de oferta e demanda por habilidades em redes em sete países: Brasil, México, Argentina, Colômbia, Chile, Costa Rica e Venezuela.
No total, foram ouvidos aproximadamente 8,2 mil gerentes de TI de empresas de vários tamanhos e setores, incluindo governo, telecomunicações, saúde, educação e comércio. De acordo com 46% dos entrevistados, o Brasil é o país onde há maior dificuldade em se encontrar candidatos tecnicamente qualificados. No México, a situação é menos grave, mas também exige atenção. No país, a carência em 2007 era de 20,3 mil profissionais (21% da demanda). Para 2010, a estimativa é de que faltem 28,7 mil especialistas em redes no país (24%). Por esta razão, mais da metade (54%) dos entrevistados demonstrou interesse em terceirizar os seus serviços na área de TI. No total, 40% dos executivos consultados já utilizam a rede como forma de acesso remoto aos seus sistemas internos. Quase a totalidade (97%) dos entrevistados acredita que suas redes terão cada vez mais importância no futuro.
Em busca de soluções
Não é de hoje que o setor de tecnologia da informação como um todo enfrenta dificuldades para a obtenção de profissionais gabaritados. Conforme estatísticas do Ministério da Ciência e Tecnologia, o déficit atual de profissionais no segmento, hoje, já passa de 20 mil. Com uma previsão de crescimento de 11% no setor até o ano que vem, a tendência é de que a crise se acentue. A Sociedade Brasileira para Promoção da Exportação de Software (Softex), por exemplo, prevê, até 2012, um total de 230 mil vagas abertas em TI.
Além disso, conforme o IDC, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal, deverá resultar em grandes investimentos nas áreas de infra-estrutura e TI, contribuindo significativamente para o aumento dessa carência de profissionais. E, neste contexto, a busca de especialistas em redes é apenas uma das variáveis da grande equação a ser solucionada pelo mercado. Por isso, algumas empresas – entre elas a própria Cisco – já mantêm iniciativas que visam diminuir o déficit de conhecimento tecnológico. O Cisco Networking Academy, programa global de educação para capacitação em tecnologia das comunicações, é uma destas ações. No Brasil, mais de 12 mil estudantes já se formaram por meio do programa desde 2000.