"O que eu posso afirmar é que queda [no preço da carne bovina] não vai haver neste ano", afirmou o presidente do Fórum Nacional Permanente de Pecuária de Corte da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), Antenor Nogueira.
Ele explica que o custo de produção cresceu muito, por conta do aumento do preço dos grãos, do valor da mão de obra e dos custos de insumos de forma geral. Assim, a tendência é que os produtores tentem recuperar os gastos que tiveram com a produção, mantendo o preço da arroba alto. Questionado sobre um possível aumento do preço da carne bovina, ele diz que vai depender da oferta de mercado e que não há como prever essa oscilação.
De qualquer forma, com aumento ou não do preço, Antenor acredita que não existe mudança no perfil do consumidor brasileiro. "Faz alguns anos que o consumo [da carne bovina] é de 37 quilogramas per capita no ano", destaca. Essa média se mantém desde o início dos anos 2000, variando um pouco para baixo ou para cima.
Aumento da exportação
Em coletiva de imprensa realizada na última quinta (10), na sede da CNA, foi apresentada a previsão de aumento da produção de carne bovina. Com a crescente demanda interna e externa pela carne produzida no Brasil, haverá investimentos em tecnologia, um novo padrão de rastreabilidade, defesa sanitária eficiente e preservação ambiental.
Esses itens devem garantir um aumento de 8,1% das vendas do produto brasileiro no exterior, em 2011. "Temos todas as condições de aumentar as exportações e sem prejudicar o mercado interno. Possuímos tecnologias avançadíssimas para ampliar a produtividade e a quantidade de animais confinados – que caiu 20% em 2010 – vai se recuperar neste ano", enfatizou Antenor.
O aumento da participação brasileira pode ser ainda maior com a erradicação da febre aftosa, já que essa condição sanitária pode abrir mais mercados, como o dos países da Ásia, Oceania e do Nafta. Outro fator é a retomada do ritmo de comércio com a União Europeia, que caiu de 27% das exportações brasileiras, em 2007, para cerca de 5%, em 2010.
Pecuária e meio ambiente
Para consolidar sua posição no mercado externo, o Brasil ainda quer reforçar a posição de cumpridor das leis ambientais, sanitárias e trabalhistas. "Queremos mostrar que o produtor brasileiro não é o vilão do desmatamento, do aquecimento global e das doenças consideradas de risco", destacou o vice-presidente da CNA, Ademar Silva Júnior.
A imagem da pecuária nacional será um dos principais temas tratados no Congresso Internacional da Carne, que ocorre em junho, em Campo Grande (MS). Para o presidente da Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária do estado do Mato Grosso do Sul), Eduardo Riedel, o evento será uma oportunidade para quebrar paradigmas colocados para a sociedade sem base científica e que prejudicam o segmento da carne bovina.
Outros pontos de vista
De acordo com o Instituto Akatu, que defende o consumo consciente, a pecuária de corte é um dos grandes responsáveis pelo desmatamento da Amazônia. Eles não defendem que os brasileiros deixem de comer carne, mas, sim, que tenham consciência de qual é a origem da carne consumida, para garantir que não venha de uma área de desmatamento.
Porém, existem estudos que ainda vão mais fundo e demonstram que a produção da carne polui o meio ambiente. Segundo uma cartilha da Sociedade Vegetariana Brasileira, disponível no portal www.svb.org.br, 1 quilograma de carne bovina é responsável, entre outros, por:
10 mil metros quadrados de floresta desmatada
Consumo de 15 mil litros de água doce limpa
Emissão de dióxido de carbono e metano na atmosfera (dois gases poluentes)
Descarte de sangue, urina, gordura, vísceras, fezes, ossos e outros que acabam chegando aos rios e oceanos, depois de contaminarem o solo e os aquíferos subterrâneos
Consumo de energia elétrica e de combustíveis fósseis (carvão mineral, petróleo, gás natural)
Gastos públicos com tratamento de saúde, pela contaminação gerada pela pecuária, e com subsídios e incentivos fiscais para essa atividade