Técnicos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) estão de olho nos chamados Arranjos Produtivos Locais (APL) em todo o País. Bahia e São Paulo já foram contemplados com empréstimos do banco. Paraná e Minas Gerais deverão ser os próximos.
O Programa de Melhoria da Competitividade das empresas localizadas nos Arranjos Produtivos Locais Paulistas foi lançado, na última quarta-feira (25), em São Paulo, por representantes do Sebrae, BID, governo do Estado e Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Mais de 300 pessoas participaram do evento na sede do Sebrae/SP.
Arranjos Produtivos Locais são aglomerações de micro e pequenas empresas localizadas em uma mesma região que apresentam especialização produtiva e mantêm vínculos de articulação, interação, cooperação e aprendizagem entre si e com outras entidades locais, tais como governo, associações empresariais, instituições de crédito, ensino e pesquisa.
O programa, que tem como objetivo fomentar a competitividade das empresas e fortalecer os APL, destinará US$ 20 milhões a 15 APL no Estado de São Paulo. Metade desse valor virá de empréstimo feito junto ao BID pelo Governo do Estado, e os outros 50% virão de contrapartida do Sebrae.
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Para o vice-governador de São Paulo, Alberto Goldman, o programa em São Paulo será um projeto-piloto, pois envolve apenas 15 APL. Ele cobrou do empresariado mais organização para demandar recursos ao governo estadual. "Se houver pressão, com certeza os recursos virão", diz.
O presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, elogiou a iniciativa do governo de São Paulo em aportar recursos, por meio do BID, para um programa de competitividade. "No Brasil, são poucos os governos que colocam dinheiro público para melhorar a competitividade das empresas. Essa é uma atitude dos governos progressistas. É importante que os empresários aproveitem essa oportunidade".
Segundo ele, 60% dos recursos do Sebrae estão alocados atualmente em projetos coletivos, como APL, redes e associativismo. "O empresário que não entender essa nova regra (trabalhar conjuntamente) vai correr o risco de desaparecer do mapa por uma questão de competitividade. Não dá para pensar em trabalhar de forma não-associada".
São Paulo, disse o presidente do Sebrae, é o Estado que mais pode gerar exemplos ao empresários brasileiros. "Esperamos que este projeto traga modelos que sirvam como exemplo para os empreendedores em outras regiões".
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Experiência internacional
Os US$ 20 milhões serão utilizados para financiar atividades em quatro áreas principais: capacitação e mobilização de empresários e entidades locais; elaboração e implementação dos Planos de Melhoria de Competitividade e Monitoramento; avaliação e difusão de lições aprendidas.
Segundo o coordenador de desenvolvimento regional da Secretaria de Desenvolvimento do Estado de São Paulo, José Luiz Ricca, o vetor principal desse projeto é a metodologia e a experiência internacional que o BID trará aos APL paulistas. "O projeto prevê a uniformização de metodologia, por isso, só conseguimos colocar num primeiro instante os 15 APL, mas podemos replicar as ações para todos os APL existentes no Estado".
Neste convênio serão contemplados os APL dos setores de Calçados (Jaú, Franca e Birigui); Construção Civil (Itu, Tatuí, Tambaú e Vargem Grande do Sul); Móveis (Região Metropolitana e Noroeste Paulista); Confecção (Cerquilho, Tietê, Americana e Ibitinga); Plástico (Região do ABC); Álcool (APLA de Piracicaba); e Médico Odontológico (Ribeirão Preto).
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Bahia, Paraná e Minas
Na Bahia, o projeto Progredir prevê um investimento de US$ 16,6 milhões ao longo de 30 meses, provenientes do próprio Estado e de parceiros (40%) e o restante (60%) por meio de empréstimo junto ao BID.
São beneficiados pela iniciativa 11 arranjos produtivos nas áreas de tecnologia da informação; transformação plástica; confecções; fruticultura; cadeia de fornecedores automotivos; turismo; piscicultura; derivados da cana-de-açúcar; rochas ornamentais; sisal; e ovinocaprinocultura. Os 11 APL irão beneficiar produtores de quase 60 cidades de todas as regiões da Bahia.
Já no Paraná, o projeto de competitividade deverá ser assinado no segundo semestre, segundo a especialista do BID, Marília Santos, com o Sebrae no Estado. Este projeto está em missão de negociação (fase anterior à assinatura). Envolve US$ 16,6 milhões, sendo US$ 10 milhões do BID, US$ 2,8 milhões do Sistema Sebrae, US$ 2,8 milhões da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) e US$ 1 milhão do governo do Estado. Também é um projeto a ser realizado em 30 meses.
O projeto em Minas Gerais deverá envolver empresas em dez setores prioritários: fruticultura, tecnologia da informação, autopeças, rochas ornamentais (mármore e granito), plásticos, ecoturismo, confecções, piscicultura, derivados de cana-de-açúcar e ovinocaprinocultura.