O aumento dos estoques manteve a economia norte-americana a salvo no primeiro trimestre, mesmo que os gastos dos consumidores tenham ido para o pior nível desde 2001 e que a construção imobiliária tenha tido a maior queda em mais de 26 anos, mostrou um relatório do governo divulgado nesta quarta-feira.
O Departamento do Comércio informou que o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 0,6 por cento em taxa anualizada no primeiro trimestre, mesma taxa do quarto trimestre e acima da previsão de 0,2 por cento feita por economistas em pesquisa da Reuters.
Alguns analistas disseram que o relatório sugere que a economia está mais firme do que se pensava, mas outros ainda esperam tempos piores com a diminuição da produção para que as empresas possam vender os estoques.
"Esperamos que a correção dos estoques que está por vir mande o crescimento para território negativo, a não ser que haja algum esforço heróico dos consumidores para sair do atual mal-estar com a restituição de 600 dólares", disse Joseph Brusuelas, economista-chefe da IDEAglobal, em Nova York.
A restituição de impostos é parte de um programa de estímulo econômico do governo que começa nesta semana a beneficiar 100 milhões de norte-americanos.
Separadamente, a ADP Employer Services afirmou que o setor privado do país gerou 10 mil empregos em abril, outra surpresa positiva após previsão de corte de 60 mil postos de trabalho.
Os relatórios foram divulgados pouco antes do reinício da reunião do Federal Reserve, que deve terminar com mais um corte de 0,25 ponto percentual da taxa básica de juro.
Os dados do PIB são preliminares, e serão revisados duas vezes nos próximos meses.
O Fed reduziu o juro em 3 pontos percentuais desde meados de setembro para fortalecer a economia e acalmar os mercados financeiros. Mas muitos acreditam que o banco central dos Estados Unidos possa mandar um sinal de que o ciclo de alívio monetário esteja perto do fim em meio aos persistentes sinais de aumento dos preços de energia e alimentos.
Consumidores sob pressão
Os gastos dos consumidores, que alimentam dois terços da atividade econômica, cresceram com a menor taxa desde o segundo trimestre de 2001, quando a economia estava em recessão. O aumento foi de 1 por cento, após expansão de 2,3 por cento no quarto trimestre.
O enfraquecimento do setor imobililário, que já estava em crise, foi ainda pior. Os gastos em construção residencial despencaram 26,7 por cento –nona queda trimestral seguida e a maior baixa desde o final de 1981.
O aumento dos estoques, porém, impulsionou o crescimento no primeiro trimestre. Os estoques de produtos não-vendidos cresceram 1,8 bilhão de dólares em taxa anualizada no primeiro trimestre, após terem caído 18,3 bilhões de dólares em taxa anualizada no último trimestre de 2007.
Houve uma moderação leve na taxa de aumento dos preços. Os gastos de consumo pessoal excluindo alimentos e energia, importante medida para o Fed, subiram 2,2 por cento após alta de 2,5 por cento no quarto trimestre.
Dados da associação de concessores de hipotecas sugeriram nesta quarta-feira que o mercado imobiliário está longe da recuperação. O índice de atividade das aplicações hipotecárias caiu 11,1 por cento na semana passada, para o menor nível desde o final de dezembro.