A aceleração dos preços dos alimentos no Brasil apresentou ritmo menos acentuado do que em outros países nos últimos anos, segundo informações de uma pesquisa do IEA (Instituto de Economia Agrícola do Estado de São Paulo).
Os dados da análise tomaram como base o ano de 2000 para calcular a evolução do índice de preços dos alimentos. A escalada de preços de cereais e óleos comestíveis, por exemplo, começou em 2002, crescendo 11% e 26%, respectivamente.
Média mundial
Em 2003, o índice médio de preços dos alimentos atingiu 110, e não parou de crescer nos anos seguintes. Além de cereais e óleos, produtos lácteos também impulsionaram o índice a partir de 2004, resultando em um aumento médio de 69% até 2007.
Em 2008, cereais e óleos lideraram a elevação dos preços, com altas de 27% e 26%, respectivamente, entre dezembro de 2007 e março de 2008. O açúcar vem logo em seguida com 23% de aumento, e as carnes, com 8%. Somente o grupo de laticínios apresentou redução de preços (-6%), sendo responsável por um aumento médio de 18% nos preços dos alimentos nos primeiros 3 meses de 2008.
No Brasil
O preço dos alimentos no país apresentou evolução mais moderada. A partir dos índices de alimentos e bebidas que compõem o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) e INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), entre janeiro de 2000 e maio de 2008, o aumento de preços esteve pouco acima de 80%, com desvantagem para trabalhadores de renda mais baixa, pois o INPC cresceu mais (o INPC é um índice que mede a evolução dos preços ao consumidor tendo como base os trabalhadores que recebem de 1 a 6 salários mínimos).
Os dados apontam que, apesar do aumento dos preços no mundo todo, para o Brasil o ritmo foi mais brando. Nos primeiros três meses de 2008, a média mundial alcançou 18%, enquanto a brasileira permaneceu entre 6% e 7%, considerando o IPCA e o INPC, respectivamente.
Desempenho nacional
O relatório do IEA aponta o melhor desempenho da produção nacional como uma possível causa da evolução diferenciada dos preços de alimentos no Brasil. Segundo a pesquisa, o ritmo de produção dos principais grupos de alimentos no Brasil é bem maior que no restante do mundo, com exceção de raízes (mandioca, dentre outras), tubérculos (batata) e óleos vegetais.
No caso dos cereais, principal grupo dos alimentos, a produção brasileira cresceu 3,4% entre 2000 e 2006, enquanto que a média mundial foi de 1,8%. Considerando o período entre 1990 e 2006, a taxa de crescimento da produção brasileira foi 3,3 vezes a mundial.