As exportações de soja do Brasil para a China acumulam queda de 11,3 por cento entre janeiro e maio deste ano em relação ao mesmo período de 2010, para 9,2 milhões de toneladas, de acordo com dados detalhados divulgados nesta segunda-feira (13) pelo Ministério da Agricultura.
A redução nas exportações brasileiras para o maior comprador global de soja influenciou nas vendas totais do Brasil, que atingiram 13,5 milhões de toneladas, ante 14,4 milhões de toneladas entre janeiro e maio de 2010 (-6 por cento na comparação anual).
A redução nas compras ocorreu "em função da medida adotada pelo governo chinês, que acabou por leiloar os estoques públicos de óleo de soja, fato que afetou o movimento de compra por parte das esmagadoras chinesas", apontou nesta segunda-feira a consultoria Clarivi.
Os chineses compraram menos soja em meio a elevados preços no mercado global, com a China tentando controlar a sua inflação. De janeiro a maio, a alfândega chinesa registrou uma queda de 1 por cento nos desembarques da oleaginosa de todas as origens no país asiático, para 19,4 milhões de toneladas.
Houve também um atraso na colheita da soja no Brasil, na comparação com o ano passado, devido ao clima.
Em maio, o Brasil voltou a exportar para a China um menor volume (3,7 milhões de toneladas) do que o exportado no mesmo mês do ano passado (4,2 milhões de toneladas), mas a associação das indústrias (Abiove) avalia que houve uma melhora em relação a meses anteriores que indica que as previsões de exportações recordes do Brasil ainda poderão ser mantidas.
"A principal região consumidora está abaixo…, porém no último mês já aconteceu uma retomada de embarques", afirmou o economista da Abiove, Rodrigo Feix.
Segundo ele, a China terá uma "alta de demanda sazonal a partir de junho", e o setor acredita que o país precisará recompor seus estoques.
"Acreditamos em um aumento no ritmo de embarques a partir de agora, pelo que temos ouvido das empresas… O dado de maio foi um pouco alentador para a retomada de embarques para a região…", disse.
A Abiove, que estima um crescimento de mais de 10 por cento nas exportações de soja nesta temporada, para 32,4 milhões de toneladas , deverá atualizar em breve suas previsões. Mas, de acordo com o economista, não devem ocorrer "correções significativas" nos novos números.
Feix observou ainda um dado interessante em relação à China, "a retomada de compra de farelo de soja por parte da China".
Segundo ele, o volume ainda é pequeno, equivale a apenas 8 milhões de dólares, mas "é uma quebra de tendência… é um dado para observarmos se continua".
MAIS ÓLEO
Se comprou menos soja em grão, a China elevou as suas compras de óleo de soja, de acordo com os dados do Ministério da Agricultura.
Entre janeiro e maio, as exportações para os chineses do produto processado brasileiro atingiram 186,7 mil toneladas, quase o dobro das 89 mil toneladas no mesmo período do ano passado.
O volume importado pela China do produto brasileiro representa cerca de um terço do total exportado pelo Brasil.
As indústrias brasileiras exportaram de janeiro a maio 568,6 mil toneladas de óleo de soja, contra 352 mil toneladas no mesmo período do ano passado.
Além da China, outros países como Egito e Argélia ampliaram as compras de óleo de soja do Brasil, de acordo com o governo.