Em abril de 2008, o faturamento real das micro e pequenas empresas (MPE) paulistas apresentou crescimento de 1,6% sobre abril de 2007. A receita total das empresas chegou aos R$ 21,1 bilhões, R$ 334 milhões a mais que no mesmo mês do ano passado, com um faturamento médio de R$ 15.936,63 por empresa. Nesse período, registraram aumento de faturamento os setores do comércio (+ 2,8%) e serviços (+ 1,7%), enquanto a indústria registrou queda de 1,4% nas receitas. Para o comércio, abril de 2008 foi o 11° mês consecutivo de aumento no faturamento real sobre o mesmo mês do ano anterior.
Os dados fazem parte dos Indicadores Sebrae-SP, pesquisa de conjuntura mensal realizada pela Instituição com a colaboração da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), a partir do monitoramento de 2.716 empresas de micro e pequeno porte no Estado. Quando considerado o período abril sobre março, a receita das MPE paulistas apresentou queda de 0,8%, resultado influenciado pela forte queda na receita das MPE do interior (-7,8%) no período.
As empresas do interior do Estado também apresentaram queda nas receitas na comparação ano a ano (-3,2%), após 15 meses consecutivos de aumento no faturamento real sobre o mesmo mês do ano anterior. No mesmo período, as demais regiões apresentaram alta no faturamento, com destaque para a Região Metropolitana de São Paulo (+5,8%), seguida da capital (+4,2%) e Grande ABC (+1,5%). “A queda de receita no interior, em abril de 2008, ocorreu em relação a um período em que as MPE tiveram um desempenho excepcional e não sinaliza uma reversão de tendência de recuperação registrada nos últimos meses", explica o economista do Observatório das Micro e Pequenas Empresas do Sebrae/SP, Pedro João Gonçalves. "Em termos de faturamento, março 2008 foi o melhor mês de março para as MPE do interior desde 2002".
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O nível de pessoal ocupado não acompanhou o desempenho positivo do faturamento. Em abril de 2008 o índice de pessoal ocupado (média por empresa) nas micro e pequenas empresas apresentou queda de 4,3% sobre abril do ano passado. Na comparação de abril com março de 2008, houve variação de -0,4% na média por empresa.
Em abril/08 sobre abril/07 a queda de 4,3% na média do pessoal ocupado por empresa foi puxada, principalmente, pelo setor de serviços. Segundo Gonçalves, o indicador de pessoal ocupado expressa o número médio de pessoas por empresa e é cada vez maior o número de empresas de serviços, muitas vezes empresas de uma pessoa só, o que tende a reduzir o número médio de pessoal ocupado por empresa. "Outro fator que contribuiu para a queda no pessoal ocupado é que algumas pessoas, em especial os familiares, deixam as empresas em busca de outras oportunidades de ocupação com carteira assinada", explica.
O rendimento real dos empregados teve aumento de 4,1% em abril de 2008 em relação ao mesmo mês do ano passado, seguindo a tendência de recuperação nos rendimentos dos trabalhadores, observada na economia brasileira em 2007 e no primeiro trimestre de 2008. Entretanto, no mesmo período, o total gasto pelas micro e pequenas empresas do Estado com salários apresentou queda de 3,4%, um reflexo da redução no número médio de pessoas ocupadas nessas empresas no período.
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Recuperação da renda
Os fatores que vêm puxando o crescimento do mercado interno nos últimos meses continuaram presentes em abril de 2008. Entre eles está a recuperação da renda do trabalhador e do emprego. Segundo o IBGE, na comparação abril 2008 sobre abril 2007, o total da remuneração paga aos empregados nas micro e pequenas empresas ocupados subiu 5,9%, já descontada a inflação.
A expansão do crédito também continua em alta. Segundo o Banco Central do Brasil, quando considerado abril 2008 sobre abril 2007, o volume de crédito pessoal teve uma alta de 28,6% no País.
Esse cenário positivo foi o responsável pelo crescimento das MPE no segundo semestre de 2007 e no primeiro trimestre de 2008. Nesse quadro, as MPE fecharam o primeiro quadrimestre com crescimento de 2,2% na receita real. Por setores, o crescimento foi puxado pelo comércio, com expansão de 6,8% no faturamento real. Por regiões o destaque foi o interior, com aumento de 2,4% na receita real. Espera-se a continuidade desses fatores nos próximos meses.
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Para o superintendente do Sebrae/SP, Ricardo Tortorella, "o quadro é relativamente positivo para os pequenos negócios, uma vez que é esperado um crescimento para o Produto Interno Bruto (PIB) neste ano". Apesar do quadro positivo, Tortorella chama a atenção para alguns fatores limitadores do crescimento, que também estão presentes na economia, com destaque para a alta da inflação no Brasil. Essa alta pode ser explicada em grande parte pelo problema de safras acompanhado pelo fenômeno do aumento da demanda externa por alimentos.
Outra restrição ao crescimento são as taxas de juros em níveis elevados e a tendência de aumento nos juros básicos (taxa Selic), que poderão dificultar os investimentos na economia. Por fim, a valorização do real em relação ao dólar torna os produtos importados mais baratos, aumentando a concorrência entre os produtos produzidos internamente e os importados.
Nesse cenário, as expectativas dos proprietários das micro e pequenas empresas se tornaram um pouco menos otimistas. Em maio de 2008, 37% das MPE esperavam uma melhora no seu faturamento nos próximos seis meses, ante ao índice de 44% registrado em abril de 2008. Os que esperavam uma melhora da economia brasileira nos próximos seis meses representavam 33% dos micro e pequenos empresários, contra um índice de 41% no mês de abril 2008.
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O setor
As micro e pequenas empresas representam 98% das empresas formais no Estado de São Paulo. Os negócios de micro e pequeno porte representam 67% das pessoas ocupadas do setor privado formal e não-formal e respondem por 28% da receita bruta do setor formal da economia paulista.
A pesquisa é realizada com base em uma amostra representativa de um universo de 1.326.354 micro e pequenas empresas formais, presentes no cadastro de empresas da Fundação Seade. Cerca de 11% encontram-se na indústria de transformação, 57% no comércio e 32% nos serviços. Em conjunto, essas empresas geram postos de trabalho para cerca de 6 milhões de pessoas, no Estado de São Paulo. O estudo completo está disponível no portal www.sebraesp.com.br, em Conhecendo a MPE, seção Indicadores.