Filhos: com limite de gastos, cartão adicional é ferramenta de educação financeira

O cartão de crédito já conquistou o brasileiro. Até o final de julho, havia 101,7 milhões deles em circulação em todo o país, de acordo com o Itaucard. A tendência é de que este número aumente e, aos poucos, o dinheiro em espécie seja menos usado. Por isso, é preciso ensinar as novas gerações a usar o plástico e, para isso, bancos oferecem cartões adicionais que permitem controle dos gastos. Dessa forma, ele passa a ser um instrumento de educação financeira.

No Bradesco, com as bandeiras Visa e Mastercard, o correntista deve avisar quanto será permitido desembolsar com o plástico. No Itaú, para um maior controle, além da limitação, o banco oferece as despesas discriminadas separadamente na fatura. Ciente da importância desta medida, o HSBC informou estar desenvolvendo um processo de implementação da limitação para cartões adicionais ainda em 2008.

O controle se faz necessário quando pensamos que as mesmas transações que são realizadas pelo cartão principal podem ser feitas no adicional, como saques, compras e até mesmo empréstimos. Pensando nesta total liberdade, o Bradesco passou a permitir aos correntistas inibir as operações que não deveriam ser realizadas. Dessa forma, fica mais fácil controlar os gastos dos filhos.

Por que e quando dar um cartão aos filhos?

De acordo com o professor de finanças da FGV (Fundação Getulio Vargas), José Eroni Fernandes, a sociedade está se habituando a usar o dinheiro de plástico. Por isso, trabalhar somente com o dinheiro em espécie pode não ser muito positivo para as crianças, que devem se acostumar com a característica do cartão de anestesiar a dor de gastar.

"O cartão de crédito é como uma anestesia para a dor de gastar. Se você pegar R$ 100 em dinheiro do bolso e comprar algo, você sente que gastou. Com o cartão, não sente. Então, ele estimula o gasto", explicou o professor. Esta falta de percepção do consumo, com o plástico, deve ser trabalhada com os filhos.

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Dar um cartão de crédito nas mãos de uma criança deve ser uma atitude bem pensada, para que o plástico se torne uma ferramenta de educação financeira. Antes de tomar a decisão, não basta analisar a idade de seu filho, mas a maturidade dele. "Menos de 12/13 anos não é válido porque ele ainda é muito novo. Porém, a questão da idade cronológica é muito difícil. Hoje, tem adolescente de 12 anos super maduro. Tem que entender a maturidade, não dá para ir só pela idade cronológica".

Outro ponto a observar antes de dar um cartão ao jovem é a atitude dele com relação ao dinheiro. "Se tem comportamento bom com o dinheiro, pode dar o cartão. Agora, se o filho acaba com a mesada em espécie logo na primeira semana do mês, dar um cartão não seria positivo antes de educá-lo financeiramente", explicou Fernandes.

A tentativa falha quando…
Antes de dar o cartão, coloque todas as regras para o seu filho. Ensine-o a usá-lo. "Tem que trabalhar com limites. Gastou, gastou! Não tem mais. O cartão é um ótimo instrumento de educação financeira, dependendo da forma como for conduzido", disse Fernandes, que ainda se lamentou do fato de nenhuma escolar ensinar como cuidar do nosso dinheiro.

Questionado sobre quando o cartão deixa de ser uma ferramenta de educação financeira, ele afirmou quando começa a ser motivo de conflito. O professor de finanças orientou aos pais que, para fazer esta análise, deve-se esperar, ao menos, três meses.

Cartão tem um custo
Para os correntistas do HSBC, o cartão adicional tem isenção de anuidade no primeiro ano e 50% de desconto nas demais cobranças. Elas variam de quatro vezes de R$ 8 no OpenCard a quartro vezes de R$ 22,50 no Platinum. Neste caso, é possível um correntista possuir até cinco plásticos, quantidade válida também para o não-correntista.

No caso do Bradesco, é feita uma análise de risco para cada portador e, dessa maneira, limita-se o número de cartões adicionais, que têm anuidade de 50% do valor da cobrança do cartão principal, mesma política adotada pelo Itaú.

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