As geadas registradas neste mês no Paraná reduziram em 1,3 milhão de toneladas a produção de milho safrinha (segunda safra), uma queda de quase 20 por cento em relação à estimativa inicial, informou o Departamento de Economia Rural (Deral), do governo do Estado.
O Paraná, o maior produtor brasileiro de milho, esperava colher 6,8 milhões de toneladas do cereal na safrinha, o que seria um recorde, mas agora a produção está estimada em 5,5 milhões de toneladas. Na primeira safra, quando tudo correu bem em termos climáticos, o Estado colheu 9,6 milhões de toneladas, 1 milhão a mais do que no ano passado.
Se confirmada essa previsão, o Estado terá uma segunda safra levemente menor do que a obtida no ano passado, quando os paranaenses colheram 5,6 milhões de toneladas.
"Esperava-se que viesse um número muito mais negativo", afirmou nesta quinta-feira a agrônoma Margorete Demarchi, do Deral, especialista em milho.
No entanto, ela admitiu que a estimativa poderá sofrer alterações no futuro, ou por ajustes das perdas ou eventualmente por novas geadas que atinjam o Estado durante o inverno. O milho é uma cultura de risco durante o inverno.Mais da metade do milho safrinha do Estado ainda está suscetível a perdas, nas fases de floração e frutificação.
Segundo o Deral, as geadas dos dias 16 e 17 de junho tiveram intensidade moderada e forte nas regiões oeste, centro e sudoeste do Estado e atingiram o cereal em um momento em que a safra se encontrava suscetível a perdas.
Entre as principais regiões produtoras afetadas, o Deral registrou perdas de 406 mil toneladas em Toledo; 398,6 mil toneladas em Cascavel; 302,9 mil toneladas em Campo Mourão; e 159 mil toneladas em Maringá.
De acordo com cálculos preliminares, as perdas foram estimadas em 492 milhões de reais."Tomara que esses agricultores que tiveram perdas tenham o Proagro, o seguro do financiamento… Mas, mesmo assim, o que ele investiu é prejuízo. Tem produtor que perdeu tudo, nem para silagem dá", afirmou a agrônoma.
De acordo com estimativa preliminar do Deral, a área perdida foi de cerca de 95 mil hectares, ou 5,9 por cento da área total. "Isso não dá para aproveitar nem para grão."
Com as geadas, a produtividade média da safrinha paranaense está agora estimada em 3.630 quilos por hectare, contra 4.244 kg estimados anteriormente. Cerca de 5 por cento da safrinha já foi colhida no Estado, com produtividade média de 3.886 kg por hectare.
Preços do milho sobem e trigo sofre menos
As perdas no Paraná, o maior exportador de milho do Brasil, que no ano passado embarcou 11 milhões de toneladas para o exterior, são verificadas no mesmo momento em que o país poderia aproveitar para acelerar suas vendas, com os preços elevados nos Estados Unidos em função das inundações que também provocaram uma quebra de safra no Meio-Oeste norte-americano.
A produção da safrinha do Paraná, que costuma ir mais para exportação, representa mais de um terço do que o Brasil produz na segunda safra.
Por causa das geadas, os preços pagos os produtores no Estado subiram cerca de 15 por cento, segundo o Deral, em relação o valor cotado antes do frio afetar as lavouras, e o mercado ficou mais travado. Agora o milho é cotado ao produtor no Estado a 22,50 reais a saca (60 kg).
Com relação ao trigo, as geadas ocorreram em um período em que a maior parte das lavouras não estava suscetível a perdas.
Mesmo assim, disse a agrônoma, houve uma quebra de 5,6 por cento na região de Cascavel, ante a estimativa inicial.
Isso representa uma redução de 0,7 por cento ante o que o Estado previa colher, com a produção agora estimada em 2,84 milhões de toneladas, ante 1,94 milhão no ano passado.
"Aquele produtor que perdeu, infelizmente perdeu, só que a safra paranense de trigo pode ser reavaliada. Estamos ainda plantando, essas perdas podem ser diluídas."
O Estado plantou até o momento 87 por cento da área estimada com trigo, de 1,09 milhão de hectares.